quinta-feira, 22 de julho de 2010

OFÍCIO DE ARTISTA POBRE


É impossível para as pessoas comuns tentarem compreender, com precisão, a complexidade existencial de um artista pobre convicto, que enfrenta todas as provações mais intragáveis em prol da concretização da sua humilde arte – arte esta movida pela insatisfação cotidiana propiciada pelas injustiças sociais.

Não poderia ser de outra forma, pois a minha trajetória artística, por ser um artista político, tem sido marcada pelo sofrimento exacerbado e pelo insulamento. E todos os meus sonhos materiais e o meu grande amor se perderam na estrada fatigante do tempo, pois é que a minha arte esteve sempre na frente de todas as minhas ilusões mais remotas. E este distanciamento da suposta realidade material me tornou um ser humano diferenciado de tal forma que sou um translúcido lunático. Mas a minha espiritualidade aflorada, devido ao meu amadurecimento como um artista de ofício e sem recursos, dissolve-me da materialidade da era tecnológica e, ainda que considerado louco pelo cotidiano dormente, sou um pensador de vanguarda. E como um pensador de vanguarda, eu estou escrevendo um livro sobre um novo Sistema de Coisas para a nossa humanidade: “Sistema Ecomunitarista”. Penso que os Sistemas (capitalistas, socialistas e comunistas) não resolveram os problemas sociais da nossa humanidade e não resolveram jamais... E como eu tenho o objetivo, através da minha arte, de amenizar o que for possível no que tange ao sofrimento dos meus semelhantes; tenho a esperança de poder participar no processo de regeneração do planeta Terra com o meu humilde trabalho intelectual e artístico.

Estando um tanto afastado da civilização do meu tempo, por ser um artista excêntrico e introspectivo, posso analisar com mais cautela as ilusões materiais que retardam o processo evolutivo da nossa humanidade. E vivenciando todos os tipos de privações materiais, tenho fortalecido o meu espírito contra as ilusões frívolas do cotidiano. E aperfeiçoado as minhas emoções mais profundas, eu vou discernindo as mensagens que recebo do mundo espiritual, e aperfeiçoando a minha arte mediúnica. A minha ansiedade é imensa em ver o meu ofício sendo difundido Brasil a fora; mas não tenho a convicção de que estarei ainda na Terra quando o meu trabalho artístico for reconhecido...

Apesar de todas as dificuldades emocionais que enfrento para edificar a minha obra, devo me conformar com o meu anonimato momentâneo: e me espelho na vida dos grandes artistas da nossa humanidade – que foram, também, de grandes experiências existenciais turbulentas e, mesmo, trágicas... Eu tenho um grande desejo que me move nos meus dias atuais: produzir incessantemente, ainda que não possa colher os frutos do meu trabalho, pois quem deve colher estes frutos é a nossa humanidade... Enfim, estou ciente de que tenho um compromisso especial no que tange ao meu trabalho intelectual e artístico para ajudar a elevar à nossa humanidade no processo de regeneração e provável humanização dos novos tempos espirituais...









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