quarta-feira, 13 de outubro de 2010

EVOLUÇÃO HUMANA

Desde os primórdios da humanidade que o Homem sempre teve a intuição de uma força suprema, que criou os universos infinitos, e que mantêm o equilíbrio das naturezas dos diversos e infinitos mundos. É óbvio que a concepção da criação infinita das coisas materiais e espirituais foi sempre gradativamente proporcional ao evolucionismo humano.

Não precisamos ir muito além da nossa imaginação para compreendermos esta percepção divina – onde a observação humana sobre os fenômenos da natureza era categoricamente uma imposição indubitável da existência de inteligências superiores. Primariamente, o Homem concebeu a idéia de que existiam milhares de deuses que regiam as leis da natureza; posteriormente, percebeu a unicidade de um Deus onipotente. E como conseqüência, concluiu que Deus era perfeito em todas as suas perfeições e infinito... E quanto aos milhares de deuses, descobriu-se que eram os espíritos que habitavam os mundos espirituais – e que trabalhavam para realizar os desígnios de Deus... Por mais poderoso que seja um homem (ou uma mulher); jamais esteve imune a justiça divina – que vem sempre ao seu tempo...

A luta pela sobrevivência humana e a luta pelo poder de impor decisões sempre impuseram à vida uma amarga existência, cheia de atribulações e sofrimentos: mas o desejo insaciável de felicidade material e a esperança de alcançá-la foram responsáveis pelo surgimento de uma fé cega que acredita em milagres – as religiões, principalmente o Catolicismo, induziram os homens ao fanatismo religioso criando uma infinidade de “santos” milagrosos... Mais tarde, com o advento do Espiritismo, eis que surge um novo conhecimento científico e filosófico, ditado pelos Espíritos Superiores, que beneficia o Homem com a fé científica. Não quero aqui dizer que a fé cega não remova montanhas; mas quero constatar a insegurança social que estamos vivendo, e afirmar que o dogmatismo religioso ultrapassado é responsável pelo aumento das ovelhas desgarradas do rebanho de Deus – e o ateísmo juvenil cresce em função das concepções fantasiosas da nossa realidade cósmica. Os tempos modernos não assimilam idéias que não sejam cientificamente comprovadas... O materialismo, onde Deus é a matéria, é fruto das frustrações dogmáticas religiosas... E somente a população pouco estudada permanece fiel aos costumes religiosos; pois, em níveis culturais e intelectuais mais elevados, a cientificidade filosófica do Espiritismo é mais abrangente, reformadora e reveladora das eternas leis dos universos infinitos – e coerente com o destino humano...

A fé cega funciona ao crente perseverante, não tenho a menor dúvida desta verdade, e sei que os espíritos de guarda protegem e, muitas vezes, conduzem o Homem na sua peregrinação terrena... Mas a fé cega é ingênua e movida de ingente insegurança emocional, onde o fiel sonha com uma realidade inexistente – e quando desperta do sonho, os prejuízos são inumeráveis, sendo o ateísmo um fruto desta decepção religiosa dogmática ultrapassada. E esta atual modernidade tecnológica não comporta as efêmeras crendices populares; tanto que o poder da fé científica está se encorpando no mundo inteiro: e a ciência do Espiritismo já está sendo aplicada em muitos setores das ciências humanas, e com grande entusiasmo experimental...







domingo, 25 de julho de 2010

CONSTRUÇÕES ILÓGICAS



Fundamentado neste meu ilogismo pellisoliano, eu livremente construo os meus textos enigmáticos, onde, sendo pragmático, analiso as minhas inverdades como se eu fosse um pavão misterioso circundando em meus anseios... E arrebentando as rédeas da religiosidade ultrapassada e substancialmente caduca, vou remando contra as marés da hipocrisia lastimável dos homens, sobrevoando sobre as cascatas do tédio, sempre muito garrido como o príncipe das loucuras escarpadas; infiltrado nos labirintos espelhados do subterrâneo do meu imaginativo subconsciente...

Vozerios de escândalos estrondosos perpassam um vasto silêncio das minhas madrugadas acinzentadas, onde as mutilações de um passado agônico injetam em meu sangue a ilustração das catástrofes cotidianas, sobrepondo os reflexos das paixões materialistas, conduzidas pela ganância e pela cobiça dos pertences alheios... Mas em meus devaneios – que são turbulentas tempestades oníricas – componho a minha linguagem hermética, conduzindo os meus aloucados passos, condicionados às leis das injustiças sociais, a uma trajetória gloriosa em circunstâncias anômalas... E espreitando as jornadas dos que nada querem além do gozo material, vou elaborando as minhas certificações psicodélicas – ainda que as minhas estradas esburacadas estejam atazanando os meus tentáculos de polvo poético e subalterno de solidões...

Envenenado na química das desilusões, amaldiçoado por parentes desqualificados e materialistas, vou subindo à montanha das construções ilógicas, construindo um mundo aficionado pelo poder das artes; onde saio do meu ilustre esconderijo espiritista - para iluminar as desgraças terrenas que os meus olhos costumam visualizar... Pudessem ver-me, estas criaturas enegrecidas dos prazeres insaciáveis: o manto crivado de suplícios que tenho carregado; escorregando-me nas sarjetas das iniciações expiatórias – ainda que as minhas inclinações vocacionais estejam voltadas ao meu trabalho literário e artístico sempre ecomunitário... Mas estas minhas convalescências, metamorfoseando-me em espectro angelical das madrugadas solteiras indeléveis, produz em mim uma energização magnetizadora, debulhando as minhas lágrimas e incandescendo os meus pensamentos pungentes...

O ilogismo, nos meus textos herméticos, são disfunções orgânicas e inorgânicas deste meu cerebelo abaulado de tristezas, sobrevoando este paradigma destas constatações inexatas nas nuanças celestiais azulecentes; perpassando a lógica dos educadores bem comportados – ainda que nada digam de útil à pós-modernidade... A loucura humana está arrebentando a boca do balão, e muitas celebridades estão sendo destacadas por suas genialidades – ainda que estejam na mira preconceituosa das doenças mentais... Pois é muito plausível e relevante que saibam: os grandes loucos sempre trabalharam em prol da evolução do nosso progresso, do progresso da nossa tão sofrida humanidade... Eu tenho uma grande honra de ser o teu Poeta da Loucura...

Dizem-me os ditos normais que eu vivo fora desta realidade material cotidiana, onde o conflito social sempre se estende desgastantemente; mas eu, que fico fora desta realidade caótica, posso percebê-la com muito mais visão e amplitude sociológica e psicológica, porquanto, muito bem acomodado no meu mundo pessoal fantasístico, me é possível perceber outra realidade mais real do que o real cotidiano das pessoas ditas normais – ainda que adormecidas... E percebendo os conflitos humanos, por uma visão espiritual e longitudinal, posso criar o inimaginável e apresentar à sociedade humana um convívio inusitado: novas formas de relacionamentos humanos, através do meu novo Sistema de Coisas intitulado por mim: Sistema Ecomunitarista! Quem sabe o mundo não seja consertado por um louco? Quem sabe por eu estar sendo uma ilha, no meu insulamento vil, não esteja captando energias dinâmicas e mais avançadas, no intuito de desenhar uma nova dramaturgia humana? Quem disse que os loucos não podem ser geniais?

Os grandes inventores e os grandes pensadores sempre foram e sempre serão grandes loucos; pois os ditos normais são transformados – mas nunca serão transformadores! Eu vim para revolucionar, e me dêem o meu espaço que eu quero ultrapassar os limites das vossas imaginações...






LÍRICA AMOROSA


Docemente deslumbrante é a tua beleza, em conotações inebriantes, e vasta fascinação iminente de um poeta agitado e absurdamente louco de fantasísticos silêncios amorosos, porquanto os teus passos, suavizados pela ternura do teu corpo escultural, deslizam sobre os meus sonhos muito auspiciosos sob os teus luares prateados – e os meus céus azulecentes destas madrugadas nauseabundas se mordem de sintomas orgásticos, em cada amanhecer com saudades do teu cheiro mimoso e do teu gosto velado... E as melodias das liras, sob o sopro do vento Minuano, relampeiam as minhas impulsões lacrimosas por desejar a tua presença...

Despedaçam sobre o meu dorso poético as solidões de estrelas cadentes, onde eu te procuro sem me achar, perdido que estou nesta tentativa lunática de deixar, num lampejo, de te amar – como se nunca tivesse te amado... E dançando sobre o teu corpo imaginário – que o tempo implacável já se encarregou de arruinar – transpasso as minhas deleitosas ilusões de ainda estar te possuindo; se é que eu pude ter a sensibilidade de um dia ter te possuído... E as miragens do teu rosto belo e impecável afugentam a minha perversa realidade de conscientizar-me de tê-la perdido para sempre, ainda que esta verdade me seja absurdamente inviável e enlouquecedora... Sim, enlouquecido é como estou, sendo o teu poeta de todos os encantos e de todos os prantos; enquanto as tempestades inquietam a minha alma, sou floresta incendiando o meu arvoredo de emoções...

Esta distância asfaltada, como se fosse uma escada sem degraus, afasta-me dos teus abraços, dos teus beijos e do teu sexo indomável – onde eu tentei domesticar-te nos meus moldes gauchescos; mas que a tua personalidade de carioca da gema desdenhou... Os meus suspiros madrugadores, poetando à tua beleza, atravessam as galáxias e as nebulosas estelares deste amor incontrolável, sorvendo dos ventos à fragrância da tua pele amorenada inesquecível... E sendo a musa dos meus singelos versos, tens o poder de multiplicar os teus encantos e sublimar a tua beleza; ainda que a tua inteligência mediúnica me impressionasse...

Eternizo este meu amor, não enfatizando o nosso amor, pois nada sei sobre o teu me amar, silenciando as dores de uma separação atroz – no principiar de um grande amor... E esta saudade que castiga o meu coração é um carrasco estúpido e insensível a torturar os meus anseios e os meus sentires... Amar-te-ei por toda a Eternidade, ainda que eu (o poeta da loucura) esteja em devaneios submissos perpétuos... Ataduras sobre este amor doentio, pois estamos divorciados faz vinte anos, é compressa de tulipas fluidificando esta minha louca esperança de te amar de novo – como se esta decomposição material não tivesse exterminado com a tua beleza de deusa grega impressionante? Mas ainda que o teu corpo escultural esteja deformado pelo o passar dos tempos, tenho convicção que o teu espírito está mais condicionado à tua sensibilidade artística e mediúnica, num psiquismo de uma beleza fascinante, onde saberei me render se eu tiver novamente o privilégio de conviver contigo...

Sou um pássaro sem asas sem a angelicalidade do teu amor celestial, onde nos teus labirintos me acho – ainda que completamente perdido no âmago dos meus labirintos espelhados do meu subconsciente, incapaz de apagar as imagens valiosas da tua psique valiosa, inquestionável e loucamente inesquecível à minha natureza poética... Eu preciso saber da tua vida, dos teus sentimentos, das tuas inspirações cotidianas em me fazer te esquecer; ainda que a minha intuição telepática esteja a pressentir a tua presença carinhosa em minha vida – por mais distante que estejamos, ainda somos uma unicidade amorosa a chocar sonhos...

Seria muito desagradável saber que o teu amor acabou de todo, pois o meu amor continua vivo como uma arara colorida a cantar versos de amor – ainda que uma arara de verdade não consiga cantar sequer uma estrofe desta minha poesia que te eleva ao pedestal das musas inspiradoras, onde os poetas desenganados e melancólicos como eu sobrevivem nas recordações dos seus grandes e eternos amores... É muita felicidade poder reencontrar-me contigo, abraçar o teu corpo amado e beijar os teus lábios vermelhos da cor destes meus deliciosos morangos...

As nossas pequenas coisas cotidianas, como caminhar de mãos dadas pela orla de Copacabana, são indícios desta perplexidade de que nunca vou te esquecer – ainda que tu tenhas te metamorfoseado numa bruxa, os meus olhos petrificados no nosso grande amor te enxergarão sempre como a deusa dos meus sonhos cariocas...









sábado, 24 de julho de 2010

MEU HERMETISMO

A obscuridade do hermetismo pellisoliano é uma janela azulecente frontal aos obstáculos discrepantes das nossas sociedades humanas, onde a intensidade frenética dos meus pensamentos aloucados multiplica os meus anseios de luta, num retoricismo poético entrelaçado à estrela da eterna genialidade... Carruagens de mistificações esotéricas não comportam as vibrações sonoras dos meus signos insólitos, ainda que eu esteja delirando nos portais das obscenidades sensuais... Atravessam os gemidos das mansões dos infinitos, onde Deus determina os seus desígnios imutáveis, os pássaros das luzes caleidoscópicas, numa demonstração sensitiva insistente de teatralizações cosmológicas, em avenidas celestes pacificam... E estes meus versos pungentes, resgatados dos labirintos espelhados do meu subconsciente, de um abstracionismo surrealista livre-expressionista anômalo, subentendem estas expressividades complexas das minhas criatividades, em condicionamentos estereotipados nos silêncios carnívoros...

Embrulhamentos de emoções transmutadas no ócio das madrugadas oxigenadas com poesia são suplicantes laudos ornamentais de uma psiquiatria atolada nos demonstrativos medicamentosos, por onde se sustenta... E o bobo da corte aqui, entupido de controlados, se submete aos caprichos venenosos das luzes obscuras psiquiátricas... E é deste jeito estúpido e mumificado por remédios, que subo nos degraus da minha inspiração para alçar a minha linguagem poética pellisoliana – ainda que focado em nuas solidões... E os maltrapilhos sentimentos agônicos desenrolam-se, sendo estropiados e mutilados pela fome fantasística do desejo de inventar um mundo mais justo e mais humano; onde as criançinhas inocentes não sejam comidas pela pedofilia eclesiástica: isto até parece surreal; mas não é...

Construções de precipícios, em profundidades abissais incomensuráveis, subvertem as minhas angústias escoladas no gigantismo das avenidas cariocas, onde me debrucei no colo de um grande amor das estrelas – e que me fez sonhar... E a vermelha lanterna da paixão esquizofrênica iluminou os subterrâneos do meu subconsciente, anestesiando os meus neurônios de uma lógica comedida, despertando o meu sangrento ilogismo pellisoliano... E debulharam-se todas as minhas lágrimas humanas; e no depositário do meu coração só restou a silhueta esguia de uma grande mulher... E o meu hermetismo desfolhado e compulsivo é uma ave de rapina vagabundeando em meus sentimentos agônicos...

Nas minhas construções enigmáticas, pretendo apenas entusiasmar os observatórios céticos; mas constituir uma linguagem sofisticada aos críticos e casarios assombrados aos necessitados de imagens mais psicodélicas... E as minhas vertigens, em ondulações mentais, são espátulas oníricas esparramando as tintas dos meus carrosséis de ilusões; onde eu me agarro em precipícios incandescentes... E as nuvens de algodão dos meus sonhos subversivos são geleiras do Pólo Norte, onde sobrevoam as miragens refletidas... E os meus dolosos pensamentos agônicos são milagres lingüísticos, espalhando os panfletos do meu amor fraterno...





TRAÇOS ABSTRATOS

Discursos antológicos desapropriam a minha ingente imaginação criativa, onde os sonhos psicodélicos me são impostos por uma vida pétrea; ativando os traçados do meu abstracionismo surrealista... Ainda que os sóis sejam estrelas vistas por uma visão longitudinal, os meus reflexos, em desacordo com as minhas complexidades compulsivas de dores psicológicas infindas, motivadas por uma histérica hexapolaridade gravíssima, são impulsividades artísticas mentecaptas como se os mares não fossem os oceanos, como se as luzes não fossem dos dias e as noites não fossem das trevas – as noites são crianças lucíferas confortavelmente multiplicadas de desejos materiais implacáveis, eufóricos e insaciáveis... E os meus astros se recusam a participar das fenomenalidades extrapoladas da minha doença mental, pois a genialidade de uma inteligência de escol multifacetada tem sido os princípios fundamentalistas das minhas artes...

Não poupo espaços abstracionistas para desenhar os meus traços marcados por uma loucura escarpada; mas ser o Poeta da Loucura e o precursor do Teatro da Loucura não me faz menos inteligente – ao contrário do que todos possam vir a pensar, adianto que sempre fui aluno nota dez (do primário ao academicismo); pois o meu Distúrbio de Humor não altera a minha ingente capacidade de pensar, sendo, ao contrário do que possam pensar, um trampolim precioso aos meus labirintos criativos do meu subconsciente... Vim para revolucionar... Metamorfosear as escuridões culturais dos preconceitos em luminosidades estelares das conceituações das minhas praticidades cotidianas, onde estes meus filhotes das mentalidades ignorantes são gravetos que uso para incendiar as nocividades perniciosas da matéria... Os galhos envergados das inverdades sociais são múmias faraônicas, onde os segredos maçônicos (por magia negra) subvertem a ordem das coisas divinas – e que serão destes dementes e verdadeiros doentes mentais (com espíritos deformados) depois do processo de regeneração do planeta Terra?

Eu nado por outros mares, nesta filosofia espiritista, comandando os tubarões adestrados à revolução pacifista do meu Sistema Ecomunitarista, onde os ricos viverão sempre harmônicos com os pobres – devido a uma distribuição de renda justa e equilibrada... E as construções dos edifícios sociológicos, num Ecomunitarismo ecológico, somarão os esforços das massas oprimidas num alvo grito puramente espiritualista dos princípios fundamentais de um fenômeno concretista de Liberdade... Os destroços capitalistas serão queimados pela Inquisição dos legítimos Direitos Humanos, numa demonstração pós-modernista de novos luares...

O ato de pensar é uma bolha viscosa da utopia para a maioria das pessoas; mas os grandes artistas revolucionários encarnam, na Terra, imbuídos de uma viril predestinação incontestável de metamorfosear as conceituações caducas e ultrapassadas dos sistemas caudilhos... E a minha linguagem poética é pretensiosamente revolucionária, e sempre será comprometida em denunciar as deformidades criminosas do pensamento humano; pois se o Bem e o Mal existem, só é preciso saber escolher – eu escolhi o amor das estrelas incandescendo este meu pensar com luzes etéreas, onde, durante toda a minha existência, eu poderei compartilhar o meu idealismo benevolente aos povos necessitados...

Indomáveis traçados abstracionistas desenham esta minha geografia do amor, onde as máscaras do pudor são arrancadas abruptamente, numa sensibilização espiritista comumente assombrosa de encantos líricos, abordando um estrelismo ao sepultamento das trapaças desumanas e, visivelmente, cotidianas... O que importa este silêncio cego desta ignorância coletiva, enquanto os malfeitores gozam dos privilégios de irmãos maçônicos, se Deus observa os passos da nossa humanidade: e se eu – o artista que sonha – sei que sonhar não é pecado, pois o sonho é a ponte à realidade...

Quando os mafiosos descobrirem o teor desta minha infinita inteligência, tentarão comprar estes meus alvos pensamentos; mas, de acordo com os meus princípios filosóficos espiritistas, eu não estou à venda; nem os meus intelectualizados pensamentos... “A Guaíba FM toca o que você gosta de ouvir” (propaganda gratuita), e eu canto o meu hermetismo-abstrato-surrealista... E que se espalhe o Livre-Expressionismo mundo afora!...








ESCRITO POR LÉON DENIS


Dez anos sucederam à publicação desta obra (Cristianismo e Espiritismo). A História desdobrou sua trama e consideráveis acontecimentos se realizaram em nosso país. A Concordata foi denunciada. O Estado cortou o laço que o prendia à Igreja Romana. Ressalvados alguns pontos, foi com uma espécie de indiferença que a opinião pública recebeu as medidas de rigor, tomada pelo poder civil contra as instituições católicas.

De que procede a esse estado de espírito, essa desafeição não apenas local; mas quase generalizada, dos franceses pela Igreja? – De não ter esta realizada esperança alguma das que havia suscitado. Nem soube compreender, nem desempenhar o seu papel e os deveres de guia e educadora de almas, que assumira.

Há um século (a 1ª edição francesa foi publicada em 1898), vinha a Igreja Católica atravessando uma das mais formidáveis crises que regista a sua história. Na França, a Separação veio acentuar esse estado de coisas e agravá-lo ainda mais.

Repudiada pela sociedade moderna, abandonada pelo escol intelectual do mundo, em perpétuo conflito com o Direito novo, que jamais aceitou; em contradição, portanto, quase em todos os pontos essenciais, com as leis civis de todos os países, repelida e detestada pelo povo e, principalmente, pelo operariado, já não resta à Igreja mais que um punhado de adeptos entre mulheres, os velhos e as crianças. O futuro cessou de lhe pertencer, pois que a educação da mocidade acaba de lhe ser arrebatada, não sem alguma violência, pelas recentes leis da República francesa.

Aí está no limiar do século XX, o balanço atual da Igreja Romana. Desejaríamos, num estudo imparcial, mesmo respeitoso, investigar as causas profundas desse eclipse do poder eclesiástico, eclipse parcial ainda, mas que, em futuro não remoto, ameaça converter-se em total e definitivo.

A Igreja é atualmente impopular. Ora, nós vivemos época em que a popularidade, sagração dos novos tempos, é indispensável à durabilidade das instituições. Quem lhe não possuir o cunho, arrisca-se a perecer em pouco tempo no insulamento e no olvido.

Como chegou a Igreja Católica a esse ponto? – Pela excessiva negligência que a causa do povo mereceu de sua parte. No dia em que foi oficialmente reconhecida pelo Império, a partir da conversão de Constantino, tornou-se a amiga dos Cézares, a aliada e, algumas vezes, a cúmplice dos grandes e dos poderosos. Entrou na era infecunda das argúcias teológicas, das querelas bizantinas e, desse momento em diante, tomou sempre ou quase sempre o partido do mais forte. Feudal na Idade Média, essencialmente aristocrática no reinado de Luís XIV, só fez à Revolução tardia e forçadas concessões.

Todas as emancipações intelectuais e sociais se efetuaram contra a sua vontade. Era lógico, fatal, que se voltasse contra ela: é o que na hora atual se verifica.

Adstrita, na França, por muito tempo à Concordata, incessantemente se manteve em conflito sistemático e latente com o Estado. Essa união forçada, que durava de um século para cá, devia necessariamente terminar pelo divórcio. A lei da Separação acaba de pronunciá-lo. O primeiro uso que de sua liberdade, ostensivamente reconquistada, fez a Igreja foi lançar-se nos braços dos partidos reacionários, com esse gesto provando que nada, há um século, aprendeu nem esqueceu.

Empenhando solidariedade com os partidos políticos que já fez o seu tempo, a Igreja Católica, sobretudo a de França, por isso mesmo se condena a morrer no mesmo dia, do mesmo gênero de morte deles: a impopularidade. Um papa genial, Leão XIII, tentou por momentos desligá-la de todo compromisso direto ou indireto com o elemento reacionário; mas não foi escutado nem obedecido.

O novo pontífice Pio X, reatando a tradição de Pio IX, seu predecessor, nada julgou melhor fazer que aplicar as doutrinas do Sílabo e da infalibilidade. Sob a vaga denominação de modernismo, acaba ele de anematizar a sociedade moderna e combater qualquer tentativa de reconciliação, ou de conciliação com ela. A guerra religiosa ameaça atear-se nos quatro ângulos do país. O prestígio de grandeza que, a poder do gênio diplomático, Leão XIII havia assegurado à Igreja, desvaneceu-se em poucos anos. O Catolicismo, restringido ao domínio da consciência privada e individual, nunca mais desfrutará a vida oficial e pública.

Qual é – inda uma vez o inquiriremos – a causa profunda capaz de explicar esse fenômeno. Acreditarão os políticos, filósofos, os sábios a perceber nas circunstâncias exteriores, em razão de ordem sociológica. Por nossa parte, iremos procurá-la no próprio coração da Igreja. De um mal orgânico é que ela deperece, atingida como nela se acha a sede vital.

A vida da Igreja era o espírito de Jesus que a animava. O sopro do Cristo, esse divino sopro de fé, caridade e fraternidade universal era, era de fato, o motor desse vasto organismo, a peça motriz de suas funções vitais. Ora, há muito tempo o espírito de Jesus parece ter abandonado a Igreja. Não é mais a chama do Pentecostes que irradia nela e em torno dela; essa generosa labareda se extinguiu e nenhum Cristo há que a reacenda.

E agora já não vive, já não brilha senão do reflexo de sua passada grandeza. Onde estão hoje, na Igreja, os pensadores e os artistas, os verdadeiros sacerdotes e os santos? Os pesquisadores de verdades divinas, os grandes místicos adoradores do belo, os sonhadores do infinito cederam lugar aos políticos combativos e negocistas.

A casa do Senhor transformou-se em casa bancária e em tribuna. A Igreja tem um reino que é deste mundo e nada mais que deste mundo. Já não é o sonho divino o que alimenta, não mais que ambições terrestres e uma arrogante pretensão de tudo dominar e dirigir.

As encíclicas e os cânones substituíram o Sermão da Montanha e os filhos do povo as gerações que se sucedem, apenas têm por guia um catecismo esdrúxulo, recheado de noções incompreensíveis, em que se fala de hipóstase, de transubstanciação; um catecismo incapaz de valer por eficaz socorro nos momentos angustiosos da existência. Disso procede a irreligião do maior número. O culto de uma determinada “Nossa Senhora” chegou a render até dois milhões por ano, mas não há uma única edição popular do Evangelho entre os católicos.

Todas as tentativas de fazer penetrar na Igreja um pouco de ar e luz e como um sopro dos novos tempos têm sido sufocadas, reprimidas. Lamennais, H. Loyson, Didon foram obrigados a se retratar ou abandonar o “grêmio”. O abade Loisy foi expulso de sua cátedra.

Curvada, há séculos, ao jugo de Roma, a Igreja perdeu toda iniciativa, toda a energia viril, toda veleidade de independência. É tal a organização do Catolicismo que nenhuma decisão pode ser tomada, nenhum ato consumado, sem o consentimento e o sinal do poder romano. E Roma está petrificada em sua hierática atitude qual estátua do passado.

O cardeal Meignan, falando do Sacro Colégio, dizia um dia a um seu amigo: “Lá estão eles, os setenta anciões, vergados ao peso, não dos anos, mas das responsabilidades, vigilantes para que nem um til seja tirado, nem um til acrescentado ao depósito sagrado”. Em tais condições, a Igreja Católica já não é moralmente uma instituição viva, não é mais um corpo em que circule a vida. Senão um túmulo em que jaz, como amortalhado, o pensamento humano.

Há longos séculos, não era a Igreja mais que um poder político, admiravelmente organizado, hierarquizado; enchia a História com o fragor de suas lutas ruidosas, em companhia dos reis e imperadores, com os quais partilhava a hegemonia do mundo. Havia concebido um gigantesco plano: a cristandade, isto é, o conjunto dos povos católicos arregimentados, unidos como um exército formidável em torno do papa romano, soberano senhor e ponto culminante da feudalidade. Era grandioso, mas puramente humano.

Ao Império Romano, solapado pelos bárbaros, tinha a Igreja substituído o Império do Ocidente, vasta e poderosa instituição em torno da qual toda a Idade Média gravitou. Nessa confederação política e religiosa tudo desaparecia, e dela unicamente duas cabeças emergiam: o papa e o imperador, “essas duas metades de Deus”.

Jesus não havia fundado a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o Amor.

Silenciemos sobre os despotismos solidários dos reis e da Igreja; esqueçamos a Inquisição e suas vítimas e voltemos aos tempos atuais.

Um dos maiores erros da Igreja, no século XIX, foi à definição do dogma da infalibilidade pessoal do pontífice romano. Semelhante dogma, imposto como artigo de fé, foi um desafio lançado à sociedade moderna e ao espírito humano.

Proclamar, no século XX, em face de uma geração febricitante, atormentada da ânsia de infinito, perante homens e povos que aspiram à verdade sem a poder atingir, que procuram a justiça, a liberdade, como o veado sequioso procura e aspira à água da fonte, o manancial do rio, proclamar – dizemos – num mundo assim, em adiantada gestação, que um único homem na Terra possui toda a verdade, toda a luz, toda a ciência, não será – repetimos – lançar um desafio a toda a Humanidade, a essa Humanidade condenada, na Terra, ao suplício de Tântalo, às dilacerações de Prometeu?

Dificilmente se reabilitará dessa gravíssima falta a Igreja Católica. No dia em que divinizou um homem, tornou-se ela merecedora da increpação de idolatria, que Montalembert lhe dirigiu quando, ao lhe ser comunicada, no leito de morte, a definição da infalibilidade pontifícia, exclamou: “Nunca hei de adorar o ídolo do Vaticano!”. Será exagerado o termo “ídolo”? – Como os Cézares romanos, a quem eram oferecidos um culto, o papa faz questão de ser chamado pontífice e rei. Que é ele senão o sucessor dos imperadores de Roma e de Bizâncio? Seu próprio vestuário, seus gestos e atitudes, o obsoleto cerimonial e o fausto da sua cúria, tudo recorda as pompas cesareanas dos piores dias, e foi o eloqüente orador espanhol, o religioso Emílio Castelar que exclamou um dia, vendo Pio IX carregado na sedia, procissionalmente, a caminho de S. Pedro: “Aquele não é o pescador da Galiléia, é um sátrapa do Oriente!”.

A causa íntima da decadência e impopularidade da Igreja Católica reside em ter colocado o papa no lugar de Deus. O espírito do Cristo retirou-se dela! Perdendo a virtude do Alto, que a sustentava, a Igreja caiu nas mãos da política humana. Já não é uma instituição de ordem divina; o pensamento de Jesus não mais a inspira e os maravilhosos dons que o Espírito de Pentecostes lhe comunicava desapareceram.

Ainda mais: atacada de cegueira, como os padres da antiga Sinagoga, ao advento de Jesus, a Igreja esqueceu o sentido profundo da liturgia e dos seus mistérios. Os padres já não conhecem a oculta significação das coisas; perderam o segredo da iniciação. Seus gestos se tornaram estéreis, suas bênçãos não mais abençoam, seus anátemas já não amaldiçoam. Foram apeados até o nível comum, e o povo, compreendendo que é nulo o seu poder e ilusório o seu mistério, encaminhou-se a outras influências e foi a outros deuses que passou a incensar.

Na Igreja a Teologia aniquilou o Evangelho, como na velha Sinagoga o Talmude havia desnaturado a lei. E são os cultores da letra que atualmente a dirigem. Uma coletividade de fanáticos mesquinhos e violentos acabará por tirar à Igreja os últimos vestígios da sua grandeza e consumar-lhe a impopularidade. E ainda nós assistiremos provavelmente à ruína progressiva dessa instituição que foi durante vinte séculos a educadora do mundo, mas que parece haver falido à sua verdadeira vocação. (Não concordo com o Léon Denis que a Igreja Católica tenha sido por vinte séculos a educadora do mundo; mas uma grande instituição de amortecimento educacional e cultural do mundo).

Daí se deve concluir que o futuro religioso da Humanidade esteja comprometido irrevogavelmente, e que o mundo inteiro deva soçobrar no materialismo como num oceano de lama? Longe disso. O reinado da letra acaba; o do Espírito começa. A chama de Pentecostes, que abandona o candelabro de ouro da Igreja, vem acender outros archotes. A verdadeira revelação se inaugura no mundo pela virtude do invisível. Quando em um ponto o fogo sagrado se extingue, é para se atear noutro lugar. Jamais a noite completa envolve em treva o mundo. Sempre no firmamento cintila alguma estrela.

A alma humana, mediante suas profundas ramificações, mergulha no infinito. O homem não é um átomo isolado no imenso turbilhão vital. Seu Espírito sempre está, por algum lado, em comunhão com a Causa Eterna; seu destino faz parte integrante das harmonias divinas e da vida universal. Pela força das coisas há de o homem se aproximar de Deus. A morte das Igrejas, a decadência das religiões formalistas não constitui sintoma de crepúsculo, mas, ao contrário, a aurora inicial de um astro que desponta. Nesta hora de perturbação em que nos encontramos, grande combate se trava entre a luz e as caligens, como sucede quando uma tempestade se forma sobre o vale; mas as culminâncias do pensamento continuam sempre imersas no azul e na serenidade.

Sursum corda! É de fato a vida eterna que ante nós se descerra ilimitada e radiosa! Assim como nos infinitos milhares de mundos são arrebatados por seus sóis, rumo do incomensurável, num giro harmonioso, ritmado qual dança antiga e nem astro nem terra alguma torna a passar jamais pelo mesmo ponto, as almas por seu turno, arrastadas pela atração magnética do seu invisível centro, prosseguem evolvendo no espaço, atraídas incessantemente por um Deus, de quem sempre se aproximam sem jamais o alcançar.

Força é reconhecer que a doutrina espírita é bem mais ampla que os dogmas exclusivos das Igrejas agonizantes e que, se o futuro pertence a alguém ou alguma coisa, há de o ser indubitavelmente ao espiritualismo universal, a esse evangelho da eternidade e do infinito!

Fevereiro de 1910











O PODER DA FEITIÇARIA


Nos tempos antigos, a mediunidade não era e nunca foi compreendida como é nos nossos tempos modernos, e o Catolicismo não a reconhecia; tanto que a igreja perseguia cruelmente os portadores de mediunidade aguçada – e milhares de vezes, criaturas inocentes foram jogadas às fogueiras da Inquisição do Clero...

Naqueles tempos medievais, e muito antes disto, os portadores de mediunidade eram conhecidos por feiticeiros ( possuídos por poderes demoníacos e sobrenaturais). Eles escutavam as vozes dos espíritos, faziam premonições e prestavam oferendas aos espíritos, que os acobertavam nas suas funções espirituais. Eram consultados pelas pessoas que os procuravam para adivinhações futuristas, bem como para receitarem medicações com ervas às doenças do corpo e, principalmente, da alma. Como eram pessoas insólitas, com hábitos extravagantes, chamavam a atenção dos poderes políticos e religiosos – sendo que estes se viam perturbados nas suas filosofias eclesiásticas e doutrinadoras... Nas tribos indígenas, os feiticeiros exerciam um grande papel espiritual, comunicando aos seus companheiros os desígnios da espiritualidade e a vontade de Deus. Moisés, que é a primeira revelação divina à nossa humanidade, recebeu, através da sua mediunidade, o decálogo com os 10 mandamentos de Deus; Jesus Cristo, por sua vez, que é a segunda revelação divina à nossa humanidade, tinha o poder curador através da sua mediunidade aguçada. E, por fim, o Espiritismo, cientificista do mundo espiritual, é a terceira revelação divina à nossa humanidade, desvelando todas as verdades que nos são permitidas sobre os desígnios de Deus e sua criação dos universos infinitos (materiais e espirituais). E, com o advento do Espiritismo, a igreja já não pode perseguir e assassinar os feiticeiros e as feiticeiras que estão espalhadas pelo mundo afora. Não são mais chamados de feiticeiros os portadores do dom mediúnico: são chamados de médiuns e estão trabalhando em prol da evolução da nossa humanidade – em centros espiritistas, fazendo o uso de uma variedade bem específica de mediunidades. A igreja, que negava a existência da reencarnação, já não pode mais sustentar os seus dogmas ultrapassados; e, rendida, admite na possibilidade do processo reencarnatório – que existe à disposição evolucionista na vida do espírito, para alcançar a perfeição e a felicidade eterna, tornando-se Espírito Puro...

As consultas ao mundo espiritual, através da mediunidade, são realizadas desde os primórdios da nossa humanidade, pois em todas as épocas da história do Homem havia homens (ou mulheres) disponíveis em seus dons mediúnicos – no que tange ao atendimento espiritual e humanitário. O clero, e os donos do poder, sempre estiveram contra as manifestações mediúnicas, porque elas vão contra aos seus interesses materialistas de se perpetuarem no poder. Mas a força das coisas, pois tudo está em evolução, encarrega-se de vislumbrar as verdades ocultas que são obscurecidas pelos gnósticos, pelo ocultismo e pela maçonaria – que escolhe os presidentes do presidencialismo e influenciou, sobremaneira, a revolução francesa... E digo estas verdades vedadas, através da minha mediunidade inspirada e intuitiva; mas não quero que concordem comigo os meus adversários literatos, nem quero que o mundo inteiro se jogue aos meus pés... E se me chamarem de louco eu aplaudo de pé, pois sou o poeta da loucura e o precursor do Teatro da Loucura...