domingo, 25 de julho de 2010

CONSTRUÇÕES ILÓGICAS



Fundamentado neste meu ilogismo pellisoliano, eu livremente construo os meus textos enigmáticos, onde, sendo pragmático, analiso as minhas inverdades como se eu fosse um pavão misterioso circundando em meus anseios... E arrebentando as rédeas da religiosidade ultrapassada e substancialmente caduca, vou remando contra as marés da hipocrisia lastimável dos homens, sobrevoando sobre as cascatas do tédio, sempre muito garrido como o príncipe das loucuras escarpadas; infiltrado nos labirintos espelhados do subterrâneo do meu imaginativo subconsciente...

Vozerios de escândalos estrondosos perpassam um vasto silêncio das minhas madrugadas acinzentadas, onde as mutilações de um passado agônico injetam em meu sangue a ilustração das catástrofes cotidianas, sobrepondo os reflexos das paixões materialistas, conduzidas pela ganância e pela cobiça dos pertences alheios... Mas em meus devaneios – que são turbulentas tempestades oníricas – componho a minha linguagem hermética, conduzindo os meus aloucados passos, condicionados às leis das injustiças sociais, a uma trajetória gloriosa em circunstâncias anômalas... E espreitando as jornadas dos que nada querem além do gozo material, vou elaborando as minhas certificações psicodélicas – ainda que as minhas estradas esburacadas estejam atazanando os meus tentáculos de polvo poético e subalterno de solidões...

Envenenado na química das desilusões, amaldiçoado por parentes desqualificados e materialistas, vou subindo à montanha das construções ilógicas, construindo um mundo aficionado pelo poder das artes; onde saio do meu ilustre esconderijo espiritista - para iluminar as desgraças terrenas que os meus olhos costumam visualizar... Pudessem ver-me, estas criaturas enegrecidas dos prazeres insaciáveis: o manto crivado de suplícios que tenho carregado; escorregando-me nas sarjetas das iniciações expiatórias – ainda que as minhas inclinações vocacionais estejam voltadas ao meu trabalho literário e artístico sempre ecomunitário... Mas estas minhas convalescências, metamorfoseando-me em espectro angelical das madrugadas solteiras indeléveis, produz em mim uma energização magnetizadora, debulhando as minhas lágrimas e incandescendo os meus pensamentos pungentes...

O ilogismo, nos meus textos herméticos, são disfunções orgânicas e inorgânicas deste meu cerebelo abaulado de tristezas, sobrevoando este paradigma destas constatações inexatas nas nuanças celestiais azulecentes; perpassando a lógica dos educadores bem comportados – ainda que nada digam de útil à pós-modernidade... A loucura humana está arrebentando a boca do balão, e muitas celebridades estão sendo destacadas por suas genialidades – ainda que estejam na mira preconceituosa das doenças mentais... Pois é muito plausível e relevante que saibam: os grandes loucos sempre trabalharam em prol da evolução do nosso progresso, do progresso da nossa tão sofrida humanidade... Eu tenho uma grande honra de ser o teu Poeta da Loucura...

Dizem-me os ditos normais que eu vivo fora desta realidade material cotidiana, onde o conflito social sempre se estende desgastantemente; mas eu, que fico fora desta realidade caótica, posso percebê-la com muito mais visão e amplitude sociológica e psicológica, porquanto, muito bem acomodado no meu mundo pessoal fantasístico, me é possível perceber outra realidade mais real do que o real cotidiano das pessoas ditas normais – ainda que adormecidas... E percebendo os conflitos humanos, por uma visão espiritual e longitudinal, posso criar o inimaginável e apresentar à sociedade humana um convívio inusitado: novas formas de relacionamentos humanos, através do meu novo Sistema de Coisas intitulado por mim: Sistema Ecomunitarista! Quem sabe o mundo não seja consertado por um louco? Quem sabe por eu estar sendo uma ilha, no meu insulamento vil, não esteja captando energias dinâmicas e mais avançadas, no intuito de desenhar uma nova dramaturgia humana? Quem disse que os loucos não podem ser geniais?

Os grandes inventores e os grandes pensadores sempre foram e sempre serão grandes loucos; pois os ditos normais são transformados – mas nunca serão transformadores! Eu vim para revolucionar, e me dêem o meu espaço que eu quero ultrapassar os limites das vossas imaginações...






LÍRICA AMOROSA


Docemente deslumbrante é a tua beleza, em conotações inebriantes, e vasta fascinação iminente de um poeta agitado e absurdamente louco de fantasísticos silêncios amorosos, porquanto os teus passos, suavizados pela ternura do teu corpo escultural, deslizam sobre os meus sonhos muito auspiciosos sob os teus luares prateados – e os meus céus azulecentes destas madrugadas nauseabundas se mordem de sintomas orgásticos, em cada amanhecer com saudades do teu cheiro mimoso e do teu gosto velado... E as melodias das liras, sob o sopro do vento Minuano, relampeiam as minhas impulsões lacrimosas por desejar a tua presença...

Despedaçam sobre o meu dorso poético as solidões de estrelas cadentes, onde eu te procuro sem me achar, perdido que estou nesta tentativa lunática de deixar, num lampejo, de te amar – como se nunca tivesse te amado... E dançando sobre o teu corpo imaginário – que o tempo implacável já se encarregou de arruinar – transpasso as minhas deleitosas ilusões de ainda estar te possuindo; se é que eu pude ter a sensibilidade de um dia ter te possuído... E as miragens do teu rosto belo e impecável afugentam a minha perversa realidade de conscientizar-me de tê-la perdido para sempre, ainda que esta verdade me seja absurdamente inviável e enlouquecedora... Sim, enlouquecido é como estou, sendo o teu poeta de todos os encantos e de todos os prantos; enquanto as tempestades inquietam a minha alma, sou floresta incendiando o meu arvoredo de emoções...

Esta distância asfaltada, como se fosse uma escada sem degraus, afasta-me dos teus abraços, dos teus beijos e do teu sexo indomável – onde eu tentei domesticar-te nos meus moldes gauchescos; mas que a tua personalidade de carioca da gema desdenhou... Os meus suspiros madrugadores, poetando à tua beleza, atravessam as galáxias e as nebulosas estelares deste amor incontrolável, sorvendo dos ventos à fragrância da tua pele amorenada inesquecível... E sendo a musa dos meus singelos versos, tens o poder de multiplicar os teus encantos e sublimar a tua beleza; ainda que a tua inteligência mediúnica me impressionasse...

Eternizo este meu amor, não enfatizando o nosso amor, pois nada sei sobre o teu me amar, silenciando as dores de uma separação atroz – no principiar de um grande amor... E esta saudade que castiga o meu coração é um carrasco estúpido e insensível a torturar os meus anseios e os meus sentires... Amar-te-ei por toda a Eternidade, ainda que eu (o poeta da loucura) esteja em devaneios submissos perpétuos... Ataduras sobre este amor doentio, pois estamos divorciados faz vinte anos, é compressa de tulipas fluidificando esta minha louca esperança de te amar de novo – como se esta decomposição material não tivesse exterminado com a tua beleza de deusa grega impressionante? Mas ainda que o teu corpo escultural esteja deformado pelo o passar dos tempos, tenho convicção que o teu espírito está mais condicionado à tua sensibilidade artística e mediúnica, num psiquismo de uma beleza fascinante, onde saberei me render se eu tiver novamente o privilégio de conviver contigo...

Sou um pássaro sem asas sem a angelicalidade do teu amor celestial, onde nos teus labirintos me acho – ainda que completamente perdido no âmago dos meus labirintos espelhados do meu subconsciente, incapaz de apagar as imagens valiosas da tua psique valiosa, inquestionável e loucamente inesquecível à minha natureza poética... Eu preciso saber da tua vida, dos teus sentimentos, das tuas inspirações cotidianas em me fazer te esquecer; ainda que a minha intuição telepática esteja a pressentir a tua presença carinhosa em minha vida – por mais distante que estejamos, ainda somos uma unicidade amorosa a chocar sonhos...

Seria muito desagradável saber que o teu amor acabou de todo, pois o meu amor continua vivo como uma arara colorida a cantar versos de amor – ainda que uma arara de verdade não consiga cantar sequer uma estrofe desta minha poesia que te eleva ao pedestal das musas inspiradoras, onde os poetas desenganados e melancólicos como eu sobrevivem nas recordações dos seus grandes e eternos amores... É muita felicidade poder reencontrar-me contigo, abraçar o teu corpo amado e beijar os teus lábios vermelhos da cor destes meus deliciosos morangos...

As nossas pequenas coisas cotidianas, como caminhar de mãos dadas pela orla de Copacabana, são indícios desta perplexidade de que nunca vou te esquecer – ainda que tu tenhas te metamorfoseado numa bruxa, os meus olhos petrificados no nosso grande amor te enxergarão sempre como a deusa dos meus sonhos cariocas...









sábado, 24 de julho de 2010

MEU HERMETISMO

A obscuridade do hermetismo pellisoliano é uma janela azulecente frontal aos obstáculos discrepantes das nossas sociedades humanas, onde a intensidade frenética dos meus pensamentos aloucados multiplica os meus anseios de luta, num retoricismo poético entrelaçado à estrela da eterna genialidade... Carruagens de mistificações esotéricas não comportam as vibrações sonoras dos meus signos insólitos, ainda que eu esteja delirando nos portais das obscenidades sensuais... Atravessam os gemidos das mansões dos infinitos, onde Deus determina os seus desígnios imutáveis, os pássaros das luzes caleidoscópicas, numa demonstração sensitiva insistente de teatralizações cosmológicas, em avenidas celestes pacificam... E estes meus versos pungentes, resgatados dos labirintos espelhados do meu subconsciente, de um abstracionismo surrealista livre-expressionista anômalo, subentendem estas expressividades complexas das minhas criatividades, em condicionamentos estereotipados nos silêncios carnívoros...

Embrulhamentos de emoções transmutadas no ócio das madrugadas oxigenadas com poesia são suplicantes laudos ornamentais de uma psiquiatria atolada nos demonstrativos medicamentosos, por onde se sustenta... E o bobo da corte aqui, entupido de controlados, se submete aos caprichos venenosos das luzes obscuras psiquiátricas... E é deste jeito estúpido e mumificado por remédios, que subo nos degraus da minha inspiração para alçar a minha linguagem poética pellisoliana – ainda que focado em nuas solidões... E os maltrapilhos sentimentos agônicos desenrolam-se, sendo estropiados e mutilados pela fome fantasística do desejo de inventar um mundo mais justo e mais humano; onde as criançinhas inocentes não sejam comidas pela pedofilia eclesiástica: isto até parece surreal; mas não é...

Construções de precipícios, em profundidades abissais incomensuráveis, subvertem as minhas angústias escoladas no gigantismo das avenidas cariocas, onde me debrucei no colo de um grande amor das estrelas – e que me fez sonhar... E a vermelha lanterna da paixão esquizofrênica iluminou os subterrâneos do meu subconsciente, anestesiando os meus neurônios de uma lógica comedida, despertando o meu sangrento ilogismo pellisoliano... E debulharam-se todas as minhas lágrimas humanas; e no depositário do meu coração só restou a silhueta esguia de uma grande mulher... E o meu hermetismo desfolhado e compulsivo é uma ave de rapina vagabundeando em meus sentimentos agônicos...

Nas minhas construções enigmáticas, pretendo apenas entusiasmar os observatórios céticos; mas constituir uma linguagem sofisticada aos críticos e casarios assombrados aos necessitados de imagens mais psicodélicas... E as minhas vertigens, em ondulações mentais, são espátulas oníricas esparramando as tintas dos meus carrosséis de ilusões; onde eu me agarro em precipícios incandescentes... E as nuvens de algodão dos meus sonhos subversivos são geleiras do Pólo Norte, onde sobrevoam as miragens refletidas... E os meus dolosos pensamentos agônicos são milagres lingüísticos, espalhando os panfletos do meu amor fraterno...





TRAÇOS ABSTRATOS

Discursos antológicos desapropriam a minha ingente imaginação criativa, onde os sonhos psicodélicos me são impostos por uma vida pétrea; ativando os traçados do meu abstracionismo surrealista... Ainda que os sóis sejam estrelas vistas por uma visão longitudinal, os meus reflexos, em desacordo com as minhas complexidades compulsivas de dores psicológicas infindas, motivadas por uma histérica hexapolaridade gravíssima, são impulsividades artísticas mentecaptas como se os mares não fossem os oceanos, como se as luzes não fossem dos dias e as noites não fossem das trevas – as noites são crianças lucíferas confortavelmente multiplicadas de desejos materiais implacáveis, eufóricos e insaciáveis... E os meus astros se recusam a participar das fenomenalidades extrapoladas da minha doença mental, pois a genialidade de uma inteligência de escol multifacetada tem sido os princípios fundamentalistas das minhas artes...

Não poupo espaços abstracionistas para desenhar os meus traços marcados por uma loucura escarpada; mas ser o Poeta da Loucura e o precursor do Teatro da Loucura não me faz menos inteligente – ao contrário do que todos possam vir a pensar, adianto que sempre fui aluno nota dez (do primário ao academicismo); pois o meu Distúrbio de Humor não altera a minha ingente capacidade de pensar, sendo, ao contrário do que possam pensar, um trampolim precioso aos meus labirintos criativos do meu subconsciente... Vim para revolucionar... Metamorfosear as escuridões culturais dos preconceitos em luminosidades estelares das conceituações das minhas praticidades cotidianas, onde estes meus filhotes das mentalidades ignorantes são gravetos que uso para incendiar as nocividades perniciosas da matéria... Os galhos envergados das inverdades sociais são múmias faraônicas, onde os segredos maçônicos (por magia negra) subvertem a ordem das coisas divinas – e que serão destes dementes e verdadeiros doentes mentais (com espíritos deformados) depois do processo de regeneração do planeta Terra?

Eu nado por outros mares, nesta filosofia espiritista, comandando os tubarões adestrados à revolução pacifista do meu Sistema Ecomunitarista, onde os ricos viverão sempre harmônicos com os pobres – devido a uma distribuição de renda justa e equilibrada... E as construções dos edifícios sociológicos, num Ecomunitarismo ecológico, somarão os esforços das massas oprimidas num alvo grito puramente espiritualista dos princípios fundamentais de um fenômeno concretista de Liberdade... Os destroços capitalistas serão queimados pela Inquisição dos legítimos Direitos Humanos, numa demonstração pós-modernista de novos luares...

O ato de pensar é uma bolha viscosa da utopia para a maioria das pessoas; mas os grandes artistas revolucionários encarnam, na Terra, imbuídos de uma viril predestinação incontestável de metamorfosear as conceituações caducas e ultrapassadas dos sistemas caudilhos... E a minha linguagem poética é pretensiosamente revolucionária, e sempre será comprometida em denunciar as deformidades criminosas do pensamento humano; pois se o Bem e o Mal existem, só é preciso saber escolher – eu escolhi o amor das estrelas incandescendo este meu pensar com luzes etéreas, onde, durante toda a minha existência, eu poderei compartilhar o meu idealismo benevolente aos povos necessitados...

Indomáveis traçados abstracionistas desenham esta minha geografia do amor, onde as máscaras do pudor são arrancadas abruptamente, numa sensibilização espiritista comumente assombrosa de encantos líricos, abordando um estrelismo ao sepultamento das trapaças desumanas e, visivelmente, cotidianas... O que importa este silêncio cego desta ignorância coletiva, enquanto os malfeitores gozam dos privilégios de irmãos maçônicos, se Deus observa os passos da nossa humanidade: e se eu – o artista que sonha – sei que sonhar não é pecado, pois o sonho é a ponte à realidade...

Quando os mafiosos descobrirem o teor desta minha infinita inteligência, tentarão comprar estes meus alvos pensamentos; mas, de acordo com os meus princípios filosóficos espiritistas, eu não estou à venda; nem os meus intelectualizados pensamentos... “A Guaíba FM toca o que você gosta de ouvir” (propaganda gratuita), e eu canto o meu hermetismo-abstrato-surrealista... E que se espalhe o Livre-Expressionismo mundo afora!...








ESCRITO POR LÉON DENIS


Dez anos sucederam à publicação desta obra (Cristianismo e Espiritismo). A História desdobrou sua trama e consideráveis acontecimentos se realizaram em nosso país. A Concordata foi denunciada. O Estado cortou o laço que o prendia à Igreja Romana. Ressalvados alguns pontos, foi com uma espécie de indiferença que a opinião pública recebeu as medidas de rigor, tomada pelo poder civil contra as instituições católicas.

De que procede a esse estado de espírito, essa desafeição não apenas local; mas quase generalizada, dos franceses pela Igreja? – De não ter esta realizada esperança alguma das que havia suscitado. Nem soube compreender, nem desempenhar o seu papel e os deveres de guia e educadora de almas, que assumira.

Há um século (a 1ª edição francesa foi publicada em 1898), vinha a Igreja Católica atravessando uma das mais formidáveis crises que regista a sua história. Na França, a Separação veio acentuar esse estado de coisas e agravá-lo ainda mais.

Repudiada pela sociedade moderna, abandonada pelo escol intelectual do mundo, em perpétuo conflito com o Direito novo, que jamais aceitou; em contradição, portanto, quase em todos os pontos essenciais, com as leis civis de todos os países, repelida e detestada pelo povo e, principalmente, pelo operariado, já não resta à Igreja mais que um punhado de adeptos entre mulheres, os velhos e as crianças. O futuro cessou de lhe pertencer, pois que a educação da mocidade acaba de lhe ser arrebatada, não sem alguma violência, pelas recentes leis da República francesa.

Aí está no limiar do século XX, o balanço atual da Igreja Romana. Desejaríamos, num estudo imparcial, mesmo respeitoso, investigar as causas profundas desse eclipse do poder eclesiástico, eclipse parcial ainda, mas que, em futuro não remoto, ameaça converter-se em total e definitivo.

A Igreja é atualmente impopular. Ora, nós vivemos época em que a popularidade, sagração dos novos tempos, é indispensável à durabilidade das instituições. Quem lhe não possuir o cunho, arrisca-se a perecer em pouco tempo no insulamento e no olvido.

Como chegou a Igreja Católica a esse ponto? – Pela excessiva negligência que a causa do povo mereceu de sua parte. No dia em que foi oficialmente reconhecida pelo Império, a partir da conversão de Constantino, tornou-se a amiga dos Cézares, a aliada e, algumas vezes, a cúmplice dos grandes e dos poderosos. Entrou na era infecunda das argúcias teológicas, das querelas bizantinas e, desse momento em diante, tomou sempre ou quase sempre o partido do mais forte. Feudal na Idade Média, essencialmente aristocrática no reinado de Luís XIV, só fez à Revolução tardia e forçadas concessões.

Todas as emancipações intelectuais e sociais se efetuaram contra a sua vontade. Era lógico, fatal, que se voltasse contra ela: é o que na hora atual se verifica.

Adstrita, na França, por muito tempo à Concordata, incessantemente se manteve em conflito sistemático e latente com o Estado. Essa união forçada, que durava de um século para cá, devia necessariamente terminar pelo divórcio. A lei da Separação acaba de pronunciá-lo. O primeiro uso que de sua liberdade, ostensivamente reconquistada, fez a Igreja foi lançar-se nos braços dos partidos reacionários, com esse gesto provando que nada, há um século, aprendeu nem esqueceu.

Empenhando solidariedade com os partidos políticos que já fez o seu tempo, a Igreja Católica, sobretudo a de França, por isso mesmo se condena a morrer no mesmo dia, do mesmo gênero de morte deles: a impopularidade. Um papa genial, Leão XIII, tentou por momentos desligá-la de todo compromisso direto ou indireto com o elemento reacionário; mas não foi escutado nem obedecido.

O novo pontífice Pio X, reatando a tradição de Pio IX, seu predecessor, nada julgou melhor fazer que aplicar as doutrinas do Sílabo e da infalibilidade. Sob a vaga denominação de modernismo, acaba ele de anematizar a sociedade moderna e combater qualquer tentativa de reconciliação, ou de conciliação com ela. A guerra religiosa ameaça atear-se nos quatro ângulos do país. O prestígio de grandeza que, a poder do gênio diplomático, Leão XIII havia assegurado à Igreja, desvaneceu-se em poucos anos. O Catolicismo, restringido ao domínio da consciência privada e individual, nunca mais desfrutará a vida oficial e pública.

Qual é – inda uma vez o inquiriremos – a causa profunda capaz de explicar esse fenômeno. Acreditarão os políticos, filósofos, os sábios a perceber nas circunstâncias exteriores, em razão de ordem sociológica. Por nossa parte, iremos procurá-la no próprio coração da Igreja. De um mal orgânico é que ela deperece, atingida como nela se acha a sede vital.

A vida da Igreja era o espírito de Jesus que a animava. O sopro do Cristo, esse divino sopro de fé, caridade e fraternidade universal era, era de fato, o motor desse vasto organismo, a peça motriz de suas funções vitais. Ora, há muito tempo o espírito de Jesus parece ter abandonado a Igreja. Não é mais a chama do Pentecostes que irradia nela e em torno dela; essa generosa labareda se extinguiu e nenhum Cristo há que a reacenda.

E agora já não vive, já não brilha senão do reflexo de sua passada grandeza. Onde estão hoje, na Igreja, os pensadores e os artistas, os verdadeiros sacerdotes e os santos? Os pesquisadores de verdades divinas, os grandes místicos adoradores do belo, os sonhadores do infinito cederam lugar aos políticos combativos e negocistas.

A casa do Senhor transformou-se em casa bancária e em tribuna. A Igreja tem um reino que é deste mundo e nada mais que deste mundo. Já não é o sonho divino o que alimenta, não mais que ambições terrestres e uma arrogante pretensão de tudo dominar e dirigir.

As encíclicas e os cânones substituíram o Sermão da Montanha e os filhos do povo as gerações que se sucedem, apenas têm por guia um catecismo esdrúxulo, recheado de noções incompreensíveis, em que se fala de hipóstase, de transubstanciação; um catecismo incapaz de valer por eficaz socorro nos momentos angustiosos da existência. Disso procede a irreligião do maior número. O culto de uma determinada “Nossa Senhora” chegou a render até dois milhões por ano, mas não há uma única edição popular do Evangelho entre os católicos.

Todas as tentativas de fazer penetrar na Igreja um pouco de ar e luz e como um sopro dos novos tempos têm sido sufocadas, reprimidas. Lamennais, H. Loyson, Didon foram obrigados a se retratar ou abandonar o “grêmio”. O abade Loisy foi expulso de sua cátedra.

Curvada, há séculos, ao jugo de Roma, a Igreja perdeu toda iniciativa, toda a energia viril, toda veleidade de independência. É tal a organização do Catolicismo que nenhuma decisão pode ser tomada, nenhum ato consumado, sem o consentimento e o sinal do poder romano. E Roma está petrificada em sua hierática atitude qual estátua do passado.

O cardeal Meignan, falando do Sacro Colégio, dizia um dia a um seu amigo: “Lá estão eles, os setenta anciões, vergados ao peso, não dos anos, mas das responsabilidades, vigilantes para que nem um til seja tirado, nem um til acrescentado ao depósito sagrado”. Em tais condições, a Igreja Católica já não é moralmente uma instituição viva, não é mais um corpo em que circule a vida. Senão um túmulo em que jaz, como amortalhado, o pensamento humano.

Há longos séculos, não era a Igreja mais que um poder político, admiravelmente organizado, hierarquizado; enchia a História com o fragor de suas lutas ruidosas, em companhia dos reis e imperadores, com os quais partilhava a hegemonia do mundo. Havia concebido um gigantesco plano: a cristandade, isto é, o conjunto dos povos católicos arregimentados, unidos como um exército formidável em torno do papa romano, soberano senhor e ponto culminante da feudalidade. Era grandioso, mas puramente humano.

Ao Império Romano, solapado pelos bárbaros, tinha a Igreja substituído o Império do Ocidente, vasta e poderosa instituição em torno da qual toda a Idade Média gravitou. Nessa confederação política e religiosa tudo desaparecia, e dela unicamente duas cabeças emergiam: o papa e o imperador, “essas duas metades de Deus”.

Jesus não havia fundado a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o Amor.

Silenciemos sobre os despotismos solidários dos reis e da Igreja; esqueçamos a Inquisição e suas vítimas e voltemos aos tempos atuais.

Um dos maiores erros da Igreja, no século XIX, foi à definição do dogma da infalibilidade pessoal do pontífice romano. Semelhante dogma, imposto como artigo de fé, foi um desafio lançado à sociedade moderna e ao espírito humano.

Proclamar, no século XX, em face de uma geração febricitante, atormentada da ânsia de infinito, perante homens e povos que aspiram à verdade sem a poder atingir, que procuram a justiça, a liberdade, como o veado sequioso procura e aspira à água da fonte, o manancial do rio, proclamar – dizemos – num mundo assim, em adiantada gestação, que um único homem na Terra possui toda a verdade, toda a luz, toda a ciência, não será – repetimos – lançar um desafio a toda a Humanidade, a essa Humanidade condenada, na Terra, ao suplício de Tântalo, às dilacerações de Prometeu?

Dificilmente se reabilitará dessa gravíssima falta a Igreja Católica. No dia em que divinizou um homem, tornou-se ela merecedora da increpação de idolatria, que Montalembert lhe dirigiu quando, ao lhe ser comunicada, no leito de morte, a definição da infalibilidade pontifícia, exclamou: “Nunca hei de adorar o ídolo do Vaticano!”. Será exagerado o termo “ídolo”? – Como os Cézares romanos, a quem eram oferecidos um culto, o papa faz questão de ser chamado pontífice e rei. Que é ele senão o sucessor dos imperadores de Roma e de Bizâncio? Seu próprio vestuário, seus gestos e atitudes, o obsoleto cerimonial e o fausto da sua cúria, tudo recorda as pompas cesareanas dos piores dias, e foi o eloqüente orador espanhol, o religioso Emílio Castelar que exclamou um dia, vendo Pio IX carregado na sedia, procissionalmente, a caminho de S. Pedro: “Aquele não é o pescador da Galiléia, é um sátrapa do Oriente!”.

A causa íntima da decadência e impopularidade da Igreja Católica reside em ter colocado o papa no lugar de Deus. O espírito do Cristo retirou-se dela! Perdendo a virtude do Alto, que a sustentava, a Igreja caiu nas mãos da política humana. Já não é uma instituição de ordem divina; o pensamento de Jesus não mais a inspira e os maravilhosos dons que o Espírito de Pentecostes lhe comunicava desapareceram.

Ainda mais: atacada de cegueira, como os padres da antiga Sinagoga, ao advento de Jesus, a Igreja esqueceu o sentido profundo da liturgia e dos seus mistérios. Os padres já não conhecem a oculta significação das coisas; perderam o segredo da iniciação. Seus gestos se tornaram estéreis, suas bênçãos não mais abençoam, seus anátemas já não amaldiçoam. Foram apeados até o nível comum, e o povo, compreendendo que é nulo o seu poder e ilusório o seu mistério, encaminhou-se a outras influências e foi a outros deuses que passou a incensar.

Na Igreja a Teologia aniquilou o Evangelho, como na velha Sinagoga o Talmude havia desnaturado a lei. E são os cultores da letra que atualmente a dirigem. Uma coletividade de fanáticos mesquinhos e violentos acabará por tirar à Igreja os últimos vestígios da sua grandeza e consumar-lhe a impopularidade. E ainda nós assistiremos provavelmente à ruína progressiva dessa instituição que foi durante vinte séculos a educadora do mundo, mas que parece haver falido à sua verdadeira vocação. (Não concordo com o Léon Denis que a Igreja Católica tenha sido por vinte séculos a educadora do mundo; mas uma grande instituição de amortecimento educacional e cultural do mundo).

Daí se deve concluir que o futuro religioso da Humanidade esteja comprometido irrevogavelmente, e que o mundo inteiro deva soçobrar no materialismo como num oceano de lama? Longe disso. O reinado da letra acaba; o do Espírito começa. A chama de Pentecostes, que abandona o candelabro de ouro da Igreja, vem acender outros archotes. A verdadeira revelação se inaugura no mundo pela virtude do invisível. Quando em um ponto o fogo sagrado se extingue, é para se atear noutro lugar. Jamais a noite completa envolve em treva o mundo. Sempre no firmamento cintila alguma estrela.

A alma humana, mediante suas profundas ramificações, mergulha no infinito. O homem não é um átomo isolado no imenso turbilhão vital. Seu Espírito sempre está, por algum lado, em comunhão com a Causa Eterna; seu destino faz parte integrante das harmonias divinas e da vida universal. Pela força das coisas há de o homem se aproximar de Deus. A morte das Igrejas, a decadência das religiões formalistas não constitui sintoma de crepúsculo, mas, ao contrário, a aurora inicial de um astro que desponta. Nesta hora de perturbação em que nos encontramos, grande combate se trava entre a luz e as caligens, como sucede quando uma tempestade se forma sobre o vale; mas as culminâncias do pensamento continuam sempre imersas no azul e na serenidade.

Sursum corda! É de fato a vida eterna que ante nós se descerra ilimitada e radiosa! Assim como nos infinitos milhares de mundos são arrebatados por seus sóis, rumo do incomensurável, num giro harmonioso, ritmado qual dança antiga e nem astro nem terra alguma torna a passar jamais pelo mesmo ponto, as almas por seu turno, arrastadas pela atração magnética do seu invisível centro, prosseguem evolvendo no espaço, atraídas incessantemente por um Deus, de quem sempre se aproximam sem jamais o alcançar.

Força é reconhecer que a doutrina espírita é bem mais ampla que os dogmas exclusivos das Igrejas agonizantes e que, se o futuro pertence a alguém ou alguma coisa, há de o ser indubitavelmente ao espiritualismo universal, a esse evangelho da eternidade e do infinito!

Fevereiro de 1910











O PODER DA FEITIÇARIA


Nos tempos antigos, a mediunidade não era e nunca foi compreendida como é nos nossos tempos modernos, e o Catolicismo não a reconhecia; tanto que a igreja perseguia cruelmente os portadores de mediunidade aguçada – e milhares de vezes, criaturas inocentes foram jogadas às fogueiras da Inquisição do Clero...

Naqueles tempos medievais, e muito antes disto, os portadores de mediunidade eram conhecidos por feiticeiros ( possuídos por poderes demoníacos e sobrenaturais). Eles escutavam as vozes dos espíritos, faziam premonições e prestavam oferendas aos espíritos, que os acobertavam nas suas funções espirituais. Eram consultados pelas pessoas que os procuravam para adivinhações futuristas, bem como para receitarem medicações com ervas às doenças do corpo e, principalmente, da alma. Como eram pessoas insólitas, com hábitos extravagantes, chamavam a atenção dos poderes políticos e religiosos – sendo que estes se viam perturbados nas suas filosofias eclesiásticas e doutrinadoras... Nas tribos indígenas, os feiticeiros exerciam um grande papel espiritual, comunicando aos seus companheiros os desígnios da espiritualidade e a vontade de Deus. Moisés, que é a primeira revelação divina à nossa humanidade, recebeu, através da sua mediunidade, o decálogo com os 10 mandamentos de Deus; Jesus Cristo, por sua vez, que é a segunda revelação divina à nossa humanidade, tinha o poder curador através da sua mediunidade aguçada. E, por fim, o Espiritismo, cientificista do mundo espiritual, é a terceira revelação divina à nossa humanidade, desvelando todas as verdades que nos são permitidas sobre os desígnios de Deus e sua criação dos universos infinitos (materiais e espirituais). E, com o advento do Espiritismo, a igreja já não pode perseguir e assassinar os feiticeiros e as feiticeiras que estão espalhadas pelo mundo afora. Não são mais chamados de feiticeiros os portadores do dom mediúnico: são chamados de médiuns e estão trabalhando em prol da evolução da nossa humanidade – em centros espiritistas, fazendo o uso de uma variedade bem específica de mediunidades. A igreja, que negava a existência da reencarnação, já não pode mais sustentar os seus dogmas ultrapassados; e, rendida, admite na possibilidade do processo reencarnatório – que existe à disposição evolucionista na vida do espírito, para alcançar a perfeição e a felicidade eterna, tornando-se Espírito Puro...

As consultas ao mundo espiritual, através da mediunidade, são realizadas desde os primórdios da nossa humanidade, pois em todas as épocas da história do Homem havia homens (ou mulheres) disponíveis em seus dons mediúnicos – no que tange ao atendimento espiritual e humanitário. O clero, e os donos do poder, sempre estiveram contra as manifestações mediúnicas, porque elas vão contra aos seus interesses materialistas de se perpetuarem no poder. Mas a força das coisas, pois tudo está em evolução, encarrega-se de vislumbrar as verdades ocultas que são obscurecidas pelos gnósticos, pelo ocultismo e pela maçonaria – que escolhe os presidentes do presidencialismo e influenciou, sobremaneira, a revolução francesa... E digo estas verdades vedadas, através da minha mediunidade inspirada e intuitiva; mas não quero que concordem comigo os meus adversários literatos, nem quero que o mundo inteiro se jogue aos meus pés... E se me chamarem de louco eu aplaudo de pé, pois sou o poeta da loucura e o precursor do Teatro da Loucura...







DOGMAS DO CATOLICISMO



São tantos os dogmas que a igreja católica foi fabricando com o passar dos tempos, que seria muita pretensão fazer a citação de todos eles. Mesmo porque não costumo fazer uma pesquisa histórica dos assuntos que abordo em meus livros, fazendo uso apenas dos meus conhecimentos gerais e da minha excelente memória: quem disse que a minha tendência em ser perseguido pela nota 10 nos meus estudos é devido a minha boa memória, e não devido à minha inteligência, foi o riquinho do meu psiquiatra que tem cara de coelhinho – que bonitinho que o meu doutor é, precisam vê-lo... São pessoas assim que são assombradas pela dormência aberrante dos dogmas do Catolicismo reacionário. E não tenho nenhuma dúvida de que o Catolicismo tem sido uma grande pedra nos calçados da nossa humanidade, retardando o seu progresso espiritual. É só observar o luxo das grandes catedrais e a luxúria da pedofilia eclesiástica (de alguns padres e alguns bispos) para perceber uma grande realidade: sendo Deus imaterial e infinitamente perfeito em todas as suas perfeições; não pode ser representado por um Clero tão materialista e animalizado, não estou certo?

Em todas as épocas das revoluções científicas, a Igreja se manteve contrária, impondo os seus dogmas, e sempre perseguindo os filósofos e os cientistas (inclusive queimando-os na fogueira da monstruosa Inquisição). Através da Bíblia, a Igreja nos diz que Deus fez o mundo em seis dias e que descansou no sétimo dia. Interpretando ao pé da letra este pensamento é de se pensar de que Deus é um ser humano, que trabalhou seis dias na sua criação cosmológica e, exausto, descansou no sétimo dia. Sabemos perfeitamente, nós os espiritistas: foram seis etapas de milhares de anos que foram sendo criadas por Deus até a formação dos universos espirituais e dos universos materiais. Sim, porque aqui se entende por criação do mundo os universos infinitos – por não ter sido criado o mundo por Deus em seis dias, não significa dizer que diminui o poder divino dele: as suas leis são imutáveis e eternas... E quanto ao sétimo dia do descanso divino, eu só posso afirmar que Deus sempre criou e cria novos mundos incessantemente...

Antes das invenções dos primeiros telescópicos, a Igreja admitia que a Terra fosse quadrada, plana, e que caminhando sempre em frente, numa mesma direção, haveríamos de encontrar o fim do mundo... Os cientistas, ainda que perseguidos pelo Clero, provaram que a Terra era redonda e que havia outros mundos. Foi acreditando neste mundo único terreno, que a Igreja criou o dogma do céu e do inferno: acima da Terra o céu; abaixo da Terra o inferno... E quem não rezasse a cartilha do Catolicismo estava fadado às profundezas do inferno... Outro dogma horripilante foi às indulgências católicas: se os homens de boa fé doassem os seus pertences, as suas terras, os seus patrimônios, poderiam adquirir uma cadeira no céu – foi exatamente assim que a Igreja Católica acumulou riquezas e ficou mais rica do que o próprio Império Romano, nas épocas medievais da nossa humanidade... Outro dogma da Igreja Católica foi à criação dos famigerados “santos católicos”, estimulando e instigando uma fé cega aos fiéis, sempre no intuito de acumular mais riquezas materiais e deter o poder de decisões das coisas – como pode um Catolicismo extremamente aberrante e materialista ser responsável pelos desígnios de uma espiritualidade divina? É muita pretensão destes “doutores das almas” se candidatarem a representante de Deus na Terra, encarnando na figura do Papa a energia de Deus...

Outro dogma intragável do Catolicismo é a idéia de que temos apenas uma vida terrena, e após a morte seremos julgados por Deus, indo ou para o céu; ou para o inferno. Apesar de insistirem por longos tempos com estas idéias esdrúxulas, com o advento do Espiritismo, acabaram por recuar e admitir a reencarnação do espírito. Observem que a Igreja Católica, apesar do seu poderio econômico dentro de um Sistema Capitalista, vem sendo desarmada e amortecida paulatinamente nos seus propósitos “cristãos”; tendo que ceder diante da força da evolução das coisas e dos tempos... Outro dogma impetuoso é o confessionário, onde os fiéis confessam todos os seus pecados – esta é uma maneira de controlar a vida dos fiéis e mantê-los doutrinados e submetidos às doações, que sempre enriquecem o Clero. Também o confessionário está sendo abandonado, uma vez que alguns padres, adeptos da pedofilia, estão perdendo o prestígio divino da batina que os encobria...

Outro dogma insustentável é a santidade do Papa que tem em si a suposta energia divina: no tempo dos imperadores, eram eles que se julgavam deuses na Terra! E foram considerados loucos e homossexuais pela história... Será que o Papa é homossexual, ou pedófilo? Tenho lá as minhas desconfianças; mas não sei e não posso afirmar... Sei apenas que a sua figura majestosa e pomposa não combina com a realidade divina, quando ele se posiciona contra o controle da natalidade: será que a procriação irresponsável receberá do santo Papa a caridade de matar a fome de milhões de criancinhas? Capital para exterminar com a fome do planeta, a Igreja que ele representa tem de sobra; só lhe faltam amor e caridade... Vamos e venhamos, mas a Igreja Católica está destruindo a si própria. Cada vez mais, os fiéis do Catolicismo estão se dirigindo para outras religiões, e principalmente para a Ciência Espírita...

Depois que o sumo sacerdote Kaifás submeteu Jesus Cristo à crucificação, passaram-se três séculos sem que os cristãos não deixassem de ser perseguidos e mortos pelos imperadores romanos: e a Igreja Católica aliava-se ao Império nestas perseguições violentas – ou será que não? É sabido que Jesus Cristo nunca foi adepto do Catolicismo. Tão pouco fundou, enquanto viveu na Terra, religião alguma – nem o Cristianismo... E não deixou documentos alguns que pudessem atestar a confiabilidade e a veracidade dos seus pensamentos. Foi através dos ouvidos dos seus discípulos, que surgiram os quatro evangelhos... É possível que tenham escrito a essência do pensamento cristão; mas até que ponto este pensamento do Cristo foi religioso? Se Jesus fosse um homem adepto de uma religiosidade refinada, porque não fundou ele mesmo a sua religião? Com o perdão da palavra, mas o vejo muito mais vivo como um ingente revolucionário do que qualquer outra coisa: naqueles tempos, os imperadores julgavam-se Deuses; Jesus levantou o seu poderoso dom mediúnico para anunciar o seu reino espiritual, deixando muito claro que o seu pai (que é pai de todos nós) era o único e onipotente Deus. E mais claro, ainda, ficou a sua idéia espírita de que a vida material dos poderes é uma ilusão; e que o mundo espiritual é o mundo do único e verdadeiro Deus: o filósofo Sócrates, precursor do Espiritismo, já ensinava à juventude a importância dos valores espirituais – e foi condenado por um júri democrata da Grécia Antiga a beber cicuta: primeiro crime cometido pela Democracia... Pois Jesus também foi morto por apregoar as suas idéias espiritistas: hão de me perguntar o que a morte de Jesus Cristo tem haver com os dogmas do Catolicismo? Pois naqueles tempos do Império Romano, depois de passados três séculos da morte do Cristo; a Igreja Católica tinha acumulado tantas riquezas que estava mais rica que o próprio Império Romano. O teatro estava definhando por desaparecer, e o Cristianismo, apesar de terem sido mortos milhões de seguidores, estava mais vivo do que nunca. A igreja, por sua vez, percebendo que o Cristo, apesar de morto, reinava vitorioso e vivo dentro das pessoas, usou da sua volumosa riqueza e montou um estupendo teatro nas suas dependências – e encenou a Paixão de Cristo. Uma peça teatral que sacramentou a presença de Jesus Cristo como o Deus que vive no Catolicismo: Jesus sempre disse que não era Deus e, sim, filho de Deus... Ora, Deus é imaterial e imutável; portanto, não está sujeito às transformações da matéria: jamais poderia encarnar num ser humano, ora bolas! E a missa rezada dos católicos é a encenação de uma peça teatral que, como já disse, vem de longa data. Teatralizando todos os dias, em todas as missas, sempre a mesma peça teatral; e os “iluminados”, neste ritual cênico, ainda bebem o sangue derramado de Jesus Cristo... Eu contesto não é o templo da Igreja; mas os seus dogmas ultrapassados, que atrasam o progresso da nossa humanidade. Contesto, principalmente, este dogma de que Jesus Cristo é o Deus do Catolicismo: é este mesmo Deus inventado do Catolicismo, que se alastram pelas demais religiões - que, também, as estão enriquecendo através dos dízimos polpudos dos seus fiéis... Mas o Espiritismo está crescendo no mundo inteiro: Allan Kardec foi claro quando disse que não havia fundado religião alguma, e, sim, uma Ciência e uma Filosofia. E disse mais: “se algum dia, após a minha morte, o Espiritismo tornar-se, também, uma religião; o Clero a provocou”. E assim sucedeu-se: O Catolicismo, em desespero, percebendo que o avanço da ciência e filosofia espírita haveria de adiantar a ciência humana – o Espiritismo é ciência sobre-humana – tratou de espalhar a notícia de que o Espiritismo é apenas mais uma religião surgida nos tempos modernos... Com isto, como o Catolicismo reina no mundo das religiões, mais uma vez o papado tenta se perpetuar no poder religioso: os semideuses materialistas (com o perdão das palavras inaudíveis) desejam impedir a regeneração do planeta Terra... E, como sempre, estão indo contra os desígnios de Deus... E chegado os novos tempos, o Espiritismo já está influenciando até a psiquiatria. Não dá mais para o Catolicismo continuar representando a sua peça teatral intitulada Paixão de Cristo: o povo está enjoado de tanta encenação e monotonia – existem milhões de peças teatrais sendo exibidas no mundo inteiro, abordando os benefícios espirituais, sociais e científicos do imortal Espiritismo. Todas as religiões se unirão ao Espiritismo; mas o Catolicismo (se continuar reacionário) estará fadado a sucumbir tamanha será a sua expiação reencarnatória: penso que os seus membros poderão ser expulsos do planeta Terra degenerados, e poderão expiar em mundos primitivos; a justiça divina tarda, mas não falha...

As transformações que o Espiritismo está promovendo são tão purificadas pelas águas fluídicas, que os novos tempos serão firmados e confirmados pela fusão da ciência com a religião. Não haverá mais discordâncias entre ambas, pois uma completará a outra: a ciência humana encontrará na ciência sobre-humana (Espiritismo) os instrumentos necessários para ampliar os seus conhecimentos científicos e filosóficos à cerca da nossa humanidade, de outros planetas e suas humanidades e, sobretudo, do mundo dos espíritos... E os dogmas catolicicistas ficarão na memória do nosso povo iludido, mas persistente através de uma fé cega produzida pelo Clero, e serão ridicularizados através das manifestações artísticas e culturais... Quem mandou persistirem no Mal séculos após séculos: Deus é bondoso; mas é justo! E penso que não adianta alguns padres e alguns bispos pedófilos da Igreja Católica tentar fugir dos desígnios e da providência divina, pois serão neutralizados primeiramente nas trevas do mundo espiritual, onde levarão algum tempo sendo preparados, e, depois, encarnarão em mundos primitivos (habitados por homens ainda selvagens), onde terão que doutriná-los... É bom que se diga que o espírito não retrograda: alguns padres e bispos com inteligência maléfica (que gostam de comer criancinhas inocentes) terão que catequizar os selvagens extremamente violentos e ignorantes – intelectual e moralmente – e ainda serão por longos tempos comidos por eles, desencarnando e reencarnando imediatamente: e sem camisinha... Eu acho que o inferno que o Catolicismo criou é insignificante diante desta ingente expiação que segue o seu curso: é só aguardar... Saiba Catolicismo, eu sou um humilde pensador pós-modernista e o Poeta da Loucura e o precursor do Teatro da Loucura... Portanto, não leve muito a sério as minhas loucas reflexões... Pois eu, também, nunca levei em consideração o Diabo e o seu Inferno me queimando no fogo eterno; mas sempre tive pavor das fogueiras da Inquisição... Tenham uma santa paciência, perdoe este meu modesto trabalho literário e artístico e, por Deus, não me queime nas fogueiras da Inquisição: seria muita desumanidade queimar vivo um artista da pós-modernidade – ainda bem que a ignorância católica dos tempos medievais acabou... Ou será que se o Catolicismo obtiver novamente grandes poderes sobre a nossa humanidade, seriam reativadas as vis fogueiras da Inquisição? São ingentes as minhas desconfianças...















CRIAÇÃO DOS SANTOS

A Igreja Católica vive procurando acontecimentos “sobrenaturais”, na vida dos seus membros eclesiásticos, para perpetuar a idéia errônea dos famigerados milagres, que ocorrem na face do nosso ainda inferiorizado planeta Terra. Muito embora o Espiritismo já tenha comprovado que o sobrenatural é apenas um fenômeno paranormal (ou mediúnico), observado e permitido pelas leis imutáveis de Deus, não tendo absolutamente nada a nos oferecer de milagroso: uma perna amputada não pode ser reconstituída milagrosamente; pois seria uma contrariedade às leis eternas e divinas. O próprio Deus, senhor absoluto de todas as coisas, não contradiz aos seus desígnios e, portanto, não realiza estes milagres apregoados pelo Catolicismo. Quem costuma operar milagres são os mágicos através dos seus truques fascinantes e, muitas vezes, intrigantes: mas são truques bem elaborados – nada, além disso...

Em se tratando das qualidades dos “milagres” é que o Clero vai criando os seus “santos”: quanto mais incrível for à manifestação milagrosa provocada por um homem, maior a sua santificação – e a procura destes operadores de pseudomilagres pelos fiéis aumenta à medida que a Igreja anuncia um novo milagre, realizado por determinado “santo”. Nunca se viu, em nenhuma época, alguém fazer tantos “milagres” como o fez Jesus Cristo: é por isso que a Igreja Católica resolveu transformá-lo no Deus vivo do Catolicismo. É bem verdade que o Cristo fez milhares de curas, das mais variadas possíveis, na sua passagem pelo nosso planeta; mas as suas curas em nada pode se comparar aos milagres apregoados pela “Santa Igreja”: seus feitos curadores ocorreram devido ao seu poder mediúnico de cura – Jesus era um médium curador... O Espiritismo tem em seus centros espiritistas espalhados pelo mundo milhares de médiuns curadores que fazem curas de diversas doenças físicas e mentais; e isto não tem nada de milagroso e está de acordo com as leis regidas pela previdência dos mundos materiais e espirituais entrelaçados. Estas curas que são feitas através do Espiritismo não criam alarde, porque o processo curador mediúnico é simplesmente um ato de amor caridoso – e quem faz caridade, o faz em silêncio como bem ordena os ensinamentos espirituais.

Desesperado com a sua decadência religiosa, já não sendo um grande anestésico como antigamente, pois as suas igrejas que viviam abarrotadas de fiéis estão cada vez mais ocas e vazias, o Papa anseia por milagres novos de seus membros vivos, e já falecidos, para tentar avivar novamente uma organização religiosa - que está fadada a desaparecer da face da Terra, com o avanço científico, filosófico e, sobretudo, tecnológico dos nossos dias atuais e vindouros. A Igreja percebe a rapidez que as coisas se transformam nesta pós-modernidade e, assustada, descobre que só tem dois caminhos para seguir em frente: desfazer-se de seus dogmas ultrapassados e adaptar-se aos conhecimentos científicos e filosóficos do Espiritismo; ou sucumbir nas trevas do esquecimento religioso reacionário... Os seus rarísssimos pronunciamentos atuais são medíocres, e o Papa quase não se manifesta se comparado aos Papas que já se foram: sinais dos tempos! E o desespero da Igreja é tão ingente que os seus padres estão virando artistas – cantores, atores, etc. Tudo para tentar salvar uma organização potencialmente material; mas extremamente fragilizada espiritualmente, devido aos abusos teológicos que vem cometendo através dos séculos...

Temos hoje, em suas dependências paroquiais, apenas aquelas ovelhinhas ainda muito ignorantes no que tange ao conhecimento de Deus e de seus universos infinitos (materiais e espirituais). E por sofrerem de grandes privações materiais e espirituais, sem ter a luz das opções, permanecem fazendo as suas peregrinações eclesiásticas, as suas empobrecidas romarias; acreditando que os “santos” da Igreja Católica irão curá-los de suas enfermidades: e são movidos por uma fé cega (a mesma fé cega das indulgências que enriqueceu o Clero com as doações das propriedades das populações incautas). Mas Deus tem se desvelado através dos seus profetas e dos seus messias, tanto que nos basta para termos uma fé científica sobre a sua soberana onipotência. Mais a frente, veremos que o Espiritismo foi enviado por Deus para nos auxiliar no nosso desenvolvimento intelectual e moral, e produzir (em nossas consciências adormecidas) uma verdadeira fé científica, que não é capaz de mover montanhas (coisas da mágica); mas deve ser capaz de mover de nossa mente e de nossos corações as nossas imperfeições do espírito. Uma fé científica que nos apresenta o Deus verdadeiro com os seus atributos e com a sua perfeição em todas as perfeições da sua infinidade...









HOMENS ÍMPIOS



Homens de pouca fé, que não acreditam nas religiões, são chamados de ímpios: sou um artista profano e penso que as religiões, de um modo geral, com raríssimas exceções, são veículos de desinformação moral e intelectual à sociedade humana – e ainda é devido às religiões que a nossa sofrida humanidade se mantém capenga no que tange ao avanço de sua espiritualidade. O que tem feito as religiões milenares, séculos após séculos, com a intelectualidade e a moralidade de nossos povos? Nós espiritistas sabemos que estamos na Terra para evoluir os nossos espíritos inferiores, e de que forma? Ora, intelectual e moralmente... Tem desenvolvido a inteligência e o discernimento do vulgo, a religião? Não! Ao contrário, tem perpetuado a ignorância dos povos: e tem enriquecido os seus mandatários... Disseminam a ignorância das coisas cosmológicas, porque a própria religião vive na escuridão das idéias divinas. Os teólogos estudam, numa universidade, concepções imprecisas e vulgares da criação e de Deus – através de um livro preto chamado de Bíblia... Livro este cheio de linguagens metafóricas, alegóricas e de parábolas que não podem ser interpretadas ao pé da letra; mas, infelizmente, os religiosos não têm uma capacitação científica e filosófica (como dispõe o Espiritismo) para discernir os conhecimentos sublimes e obscuros desta bela linguagem bíblica. Só pessoas de alto nível intelectual e moral é que podem analisar e desvelar as verdades que estão contidas na Bíblia. E é justamente no Espiritismo (que é ciência e filosofia) que encontramos intelectuais renomados, como Allan Kardec, que têm a espiritualidade avançada, capazes de adentrarem-se no estudo científico e filosófico da criação das coisas e de Deus...

Eu sou apenas um operário das artes; mas não tenho receio algum de me pronunciar como parte da falange dos homens ímpios: No próprio Espiritismo, que hoje já é visualizado, também, como uma religião, tenho a minha opinião contrária a este parecer de ordem religiosa: costumo dizer que sou espiritista (estudioso do Espiritismo) e não espírita que são aqueles que freqüentam os centros espíritas – e, muitas vezes, nada conhecem em matéria de ciência e de filosofia espiritista. Apegam-se aos rituais kardecistas (água fluídica, palestras, etc.) e esquece-se de adquirir os livros básicos da ciência espiritista, mantendo-se na ignorância de uma religiosidade inútil; sendo arrastados ao abismo cético das escuridões psicológicas da fé cega. E é justamente esta desinformação (onde a fé cega escorre) que desencadeia o maquiavelismo dos religiosos reacionários (pseudoprofetas). Sempre descartei a fé cega, buscando sempre os alvos discernimentos da nossa literatura mundial: e de tanto escavar os conhecimentos, descobri no Espiritismo a luz e a iniciação das verdades cosmológicas – oito anos estudando a doutrina espírita, ainda sei muito pouco a respeito de tudo; mas o pouco que sei é muito diante das vis obscuridades eclesiásticas...

Homens ímpios sim, porque não admitem serem alvos da manipulação religiosa – que enriquece materialmente as igrejas (com as doações e os dízimos); empobrecendo os que já são tão pobres material e espiritualmente... Eu faço parte dos homens ímpios, com acento agudo, que são os grandes revolucionários da modernidade; eles, os religiosos, são homens impios, sem acento agudo, que são os grandes desumanos e cruéis da espécie humana: aliás, eu tenho muita tristeza pelo influxo da inferioridade lucífera destes ateus religiosos, principalmente os lunáticos pastores, pois só se preocupam com o volume dos seus patrimônios e com as suas fissuras pelos prazeres materiais. Eles apresentam as vestes dos anjos quando estão pregando a palavra de Deus, que eles próprios não compreendem; mas quando saem de cena de seus púlpitos, vestem as indumentárias da luxúria – principalmente, a da pedofilia... E como não ser ímpio, tendo discernimento, vendo esta corja de sedutores milagrosos espalharem uma fé cega, sem propósitos alguns? E as inconscientes criaturas de Deus vão por toda parte, onde há vestígios de “santos”, tentando conceber um milagre curador de suas aflições e de suas dores – que costumam findar somente com a morte; aliás, muitas vezes, nem depois da morte (é claro que somente as aflições espirituais permanecem no espírito livre da matéria, pois as dores materiais desintegram-se com a decomposição orgânica do corpo).

Estamos vivendo novos tempos é verdade, e a ciência do Espiritismo alastra-se mundo afora. E, sabidamente, temos os mais renomados intelectuais compactuando com as idéias espiritistas, demonstrando uma realidade indescritível sendo operada na nossa humanidade: não há mais tempo para conjecturas religiosas, baseadas nos dogmas caducos da Igreja Católica; mas uma ingente possibilidade de progresso espiritual em todas as camadas das sociedades humanas. Em todas as cidades, em todos os bairros, em todos os países do mundo já existem centros espíritas, espalhando as verdades do mundo dos espíritos: e nunca houve em tempo algum uma revelação tão minuciosa dos atributos de Deus – e suas leis e suas verdades são esmiuçadas até o limite da nossa compreensão terrena... Os problemas sociais da nossa humanidade tenderão a ser solucionados à medida que os homens forem adentrando a senda do Espiritismo: o amor, a caridade e a solidariedade substituirão o desamor, o egoísmo, o orgulho e a inveja, enraizados há milênios em nossas sociedades humanas. O Espiritismo veio complementar o pensamento do imortal Jesus Cristo, e realizar, junto com os desígnios divinos, o processo de regeneração do planeta Terra: Deus renovará o nosso planeta, e o Espiritismo, há seu tempo, reformará espiritualmente os seres humanos. E os homens ímpios, que rejeitaram os dogmatismos católicos, estarão na vanguarda do novo mundo em processo de criação: eu mesmo, que sou ímpio, estou escrevendo um livro sobre um novo sistema de coisas à humanidade – chama-se Sistema Ecomunitarista... Aos curiosos e, principalmente aos políticos, devo dizer que terão que aguardar a publicação do mesmo: no momento, não tenho nada a acrescer sobre este assunto. Voltando ao que interessa no momento presente, devo dizer que desenvolvi o meu intelecto-moral através de um ingente sofrimento carnal e mental – que começou aos doze anos de idade com a morte do meu inesquecível pai... E persiste até os meus dias atuais – já contando com 52 anos de idade... E é claro que desenvolvi o meu discernimento cultural e espiritual à medida que fui aprofundando os meus estudos preliminares: mais educação espiritual e menos burocracia são os condimentos necessários para a elucidação e a transparência de um mundo novo de luzes radiantes e brancas como as luzes da divindade...

E a mediunidade dos homens ímpios, das mais variadas possíveis, já está beneficiando as reformas necessárias na psique humana, e proporcionando diversos benefícios curadores nos corpos e nas almas dos seres humanos; sem que com isto tenha que criar alarde em suas pretensões caritativas... Podemos observar o pleno cumprimento das leis divinas, neste processo evolucionista do Espiritismo; e a própria Igreja está espantada com o andamento da força das coisas, independendo da sua atuação retrógrada destrutiva de progressos sociais. Pois a sua estratégia em transformar o Espiritismo em mais uma religião pode até estar atrapalhando a revolução espiritual, que está ocorrendo no nosso planeta (muitas ciências humanas ainda não aprofundaram os estudos espiritistas, por pensarem ser o Espiritismo apenas uma religião). Este é ponto fundamental das pretensões da Igreja em se perpetuar no poder religioso; mas não conseguirão o intento, pois a religião e a ciência serão uma coisa só: isto é, uma concordará com a outra. Pensando desta forma, podemos observar que a Igreja, mesmo querendo destruir o Espiritismo científico e filosófico, acaba por engrandecê-lo a uma posição espetacular: O Espiritismo, que é ciência e filosofia, tornou-se, também, uma religião renovadora. Os dias do Catolicismo estão contados, a não ser que a Igreja Católica insira em seus propósitos espirituais a ciência e a filosofia espírita: pode ser doloroso aos católicos ter que reconhecer a supremacia espiritual do Espiritismo – ditada pelos Espíritos Superiores; mas não vejo outra saída ao caos em que se encontra o Catolicismo... Do contrário, irão sucumbir ao perpétuo esquecimento...

O Espiritismo não veio para destruir a religião; tão pouco renegar a ciência humana: veio para unificar as religiões verdadeiras e aperfeiçoar a ciência dos homens... Dos mais novos aos idosos, todos serão beneficiados pela educação doutrinária do Espiritismo; pois a vida espiritual (que é a verdadeira) está sendo desvelada pela doutrina espírita. E os mistérios do depois da morte já estão sendo desvendados pelos conhecimentos espirituais da ciência espírita, pois os Espíritos Superiores, que se encontram desencarnados, estão imbuídos do solidarismo e trabalham em prol da evolução da nossa humanidade - determinados em cumprir os desígnios de Deus...







COMÉRCIO DAS ALMAS



Como tem sido lucrativo o comércio das almas para inúmeras religiões pretensiosas de representarem a palavra de Deus. Baseados nesta idéia transfigurada no irreal, padres, pastores, pais de santos, gurus e tantos outros psicodélicos usam a boa fé dos homens humildes e ignorantes, no intuito de acumular riquezas materiais. As almas são comercializadas, conforme a proporção do dízimo, encontrando os melhores benefícios divinos àqueles que mais doam grandes somas em dinheiro, ou propriedades... Parece que estou retratando os ideais religiosos da idade média; mas, infelizmente, existem centenas de religiões que comercializam as almas humanas como se fossem produtos embalados, prontos para serem enviados aos cuidados de Deus... As curas dos crentes são comercializadas conforme o valor dos donativos; isto é, quanto mais elevada for uma doação, maior a possibilidade de obter as curas... Parece que existe um grande abismo entre a idade média e a pós-modernidade; entretanto, muitas idéias indulgentes do Catolicismo medieval ainda são aplicadas na atualidade; e é a mesma fé cega medieval que move as montanhas do obscurantismo religioso fascinado, e até mesmo subjugado. E as obsessões ainda são exorcizadas pelos padres católicos de uma forma grosseira e imprudente: não entendem absolutamente nada de espíritos maus que carregam os homens à obsessão. Os espíritos maus divertem-se com a debilidade do exorcismo católico...

Estamos (eu já disse) na pós-modernidade e ainda não nos livramos dos pseudoprofetas. Disse-nos a Bíblia que nos finais dos tempos eles estariam em todos os lugares. Os finais dos tempos não são o fim do mundo como o vulgo pensa: estamos num período de transição no planeta Terra, que deixará a ser um planeta de provas, expiações e missões; passando a ser um mundo de regeneração. Isto já está acontecendo, e não é de se duvidar que os religiosos fanáticos (que acham que o mundo vai acabar brevemente) estejam interessados tão-somente em enriquecer rapidamente, para se esbaldarem nos prazeres materiais, enquanto houver tempo. O Deus que eles levantam a voz para louvar (e abocanhar o dinheiro dos crentes da ingenuidade de uma fé cega e desprovida de cientificidade); é o mesmo Deus que eles desacreditam – por serem portadores da doença do materialismo cético... Deus é a matéria de que eles são feitos; nada sabem de seus espíritos amortecidos no ópio dos vícios materiais. O que importa para eles é o aqui e agora; o futuro espiritual não existe a estes religiosos materializados...

Neste atual mundo de provas, expiações e missões, o Mal tem predominância sobre o Bem. Espíritos inferiores e maus estão no comando material das coisas terrenas. E é justamente por isso que a religiosidade tem sido usada para enriquecer os seus mandatários... Mas os novos tempos virão com a regeneração do planeta, e o Bem vai começar a se disseminar sobre a face da Terra. Não haverá mais religiosos lucíferos comercializando almas humanas; não haverá mais religiões sem a cientificidade filosófica do mundo espiritual; nem haverá mais violências aberrantes entre os homens espiritualizados... O mundo novo está chegando, ainda que grandes tempestades, grandes enchentes, grandes tsunamis e grandes terremotos venham para anunciar a nova ordem mundial, já tão anunciada e tão esperada pelos intelectuais espiritualizados... A organização planetária terrena será feita pelos espíritos bons que estão encarnando na Terra já faz algum tempo: e a fé científica ocupará o lugar da fé cega, aproximando, sobremaneira, a nossa humanidade ao nosso Deus imaterial, imutável, infinito, eterno, bom, justo e perfeito em todas as perfeições infinitas...

Tenho pensado tanto no ceticismo dos maus religiosos, que usam a religião tão-somente para enriquecer e se deliciarem nos prazeres materiais, que o dinheiro proporciona, e reconheço que sinto uma imensa tristeza no que tange a inferioridade destes espíritos endurecidos e maus; pois haverão de cumprir terríveis expiações em mundos primitivos (inferiores a Terra), e, indubitavelmente, eu não gostaria de estar nas peles destes degenerados. O castigo que receberão é proporcional ao Mal que eles vêm causando ao progresso da nossa humanidade, pois Deus é bom e justo: sendo justo, e tendo estes religiosos maledicentes ultrapassados à ilógica da dignidade humana, Deus haverá de puni-los por alguns milênios de suplícios horripilantes – pois é bom que saibam, com Deus não se brinca... E estes religiosos mentecaptos estão encarnando há milênios na Terra, persistindo, sempre, na prática do Mal – e ignorando as leis imutáveis de Deus... Ó Deus, não pedirei que tenha piedade destes facínoras e celerados; pois eu tenho muita sede de justiça ao meu povo que tem sido brutalmente iludido e desrespeitado na sua humilde dignidade... E que suas almas absurdamente comercializadas pelos religiosos, para obterem benefícios terrenos e espirituais, sejam recebidas no teu mundo espiritual com a grandeza dos que foram supliciados indevidamente por seus algozes: o próprio Cristo (carpinteiro) foi supliciado por um sumo sacerdote Kaifás, e que ordenou a sua crucificação... Eu disse sumo sacerdote Kaifás... Eu disse sumo sacerdote Kaifás... Nem Jesus escapou da fúria dos religiosos materialistas: e o Papa, que também é Deus, ainda tem a audácia de afirmar que Jesus Cristo é o Deus vivo da “Santa Igreja Católica” – como são hipócritas, os romanos do Ocidente...





ILUSÕES MATERIAIS



Dois caminhos bem delineados, ou delimitados, o Homem pode enveredar-se, escolhido pelo seu famigerado livre-arbítrio: o mundo afora do seu âmago; ou o seu mundo interior. Sabidamente, os homens do mundo ocidental escolheram o caminho das ilusões materiais – e mesmo o mundo oriental mais espiritualizado está pervertendo-se aos encantos efêmeros do materialismo desenfreado. Sinal dos tempos modernos e de uma tecnologia globalizada. Já faz algum tempo que os prazeres materiais do mundo ocidental, principalmente do primeiro mundo, estão penetrando na silenciosa e meditativa espiritualidade do mundo oriental. Ao invés do mundo oriental, mais instruído espiritualmente, influenciar o mundo ocidental, tem acontecido justamente ao contrário: e esta arbitrariedade humanística lunática ocorre justamente por ter, no mundo oriental, uma superficialidade espiritual proveniente das religiões repletas de misticismos; perturbados pela ignorância cósmica das leis imutáveis de Deus... E é justamente o Espiritismo que vem iluminar, com suas luzes transcendentais, o materialismo cético que tenta se implantar de maneira desesperada...

A juventude da nossa pós- modernidade está muito distanciada dos princípios religiosos, justamente por serem infindáveis irrealidades cosmológicas: para estes jovens desamparados espiritualmente, Deus é a matéria – ou seja, o princípio material criador de todas as coisas... E uma grande loucura tecnológica escava nas estradas das penosas ilusões materiais. Não tendo o Homem um discernimento científico e filosófico do mundo espiritual, é natural que ele pense em gozar insaciavelmente todos os prazeres materiais; pois morrendo a matéria cessa a vida. E este pensamento materialista, desprovido de uma realidade metafísica, tem propiciado à humanidade todos os tipos de atrocidades violentas, que depreciam a dignidade humana. Os crimes aberrantes estão cada vez mais insistentes; o caos social apresenta-se de forma insensível e brutalizado; os suicídios são mais constantes em todas as camadas das sociedades mundiais; os homens não valem nada se não possuírem bens materiais e bastante dinheiro no banco; a cada dia, surge mais uma religião intitulando-se como a anunciadora dos desígnios de Deus e portadora da sua santa palavra, sendo administrada por pastores inescrupulosos e gananciosos – que usam os meios de comunicação para engordar o rebanho com suas ovelhinhas dóceis e incautamente nuas e despreparadas espiritualmente...

O pós-modernismo é um caos completo, onde reina a loucura desenfreada: a psiquiatria está enriquecendo com este quadro depressivo dos finais dos tempos – louquinhos e grandes loucos apresentam as suas expectativas criativas e as suas esperanças em dias melhores. Terremotos, tsunamis e enchentes anunciam a fúria da natureza contra os homens empedernidos, e milhões de homens morrem em grandes catástrofes ecológicas... Tudo isto porque os homens estão esquecidos das leis de Deus, e só pensam em viver, e apressadamente, as suas ilusões materiais: sonhos materiais que na grande maioria dos casos sucumbem antes de se realizarem... E as traumatizações são profundas e permanentes, aumentando, consideravelmente, as neuroses humanas. A Igreja Católica, símbolo da intelectualidade moral dos tempos antigos, está desmoralizada e desacreditada nos seus propósitos espirituais: por conseguinte, o Espiritismo (não tenho dúvidas) é a tábua da salvação de nossa humanidade que se encontra perdida e desprotegida espiritualmente.

Carro do ano, TV digital, celular comportando mil utilidades, Internet globalizada, viagens para o exterior são gozos materiais que impressionam a psique humana, causando transtornos mentais quando não podem ser adquiridos pelos homens desprovidos de capital: as ilusões materiais são projetadas pelo sistema capitalista aos homens capitalizados – portanto, percebe-se a ingente injustiça acometida pelos capitalistas. Sendo o Capitalismo um sistema injusto e calculista, visando exclusivamente o lucro abusivo, ainda elevado com a inoperância do Sistema Socialista e do Sistema Comunista, é de se imaginar que o poeta da loucura e o precursor do Teatro da Loucura, que sou eu, estejam a idealizar um novo sistema de coisas para o novo mundo da nova ordem mundial, já em preparo... E este novo sistema me foi inspirado e intuído pelos Espíritos Superiores e se chamará Sistema Ecomunitarista: quem viver verá!

Sendo um pensador da pós-modernidade, e minha psiquiatra afirma que eu penso muito, escrever é uma grande terapia ocupacional para os meus pensamentos efervescentes e transcendentes: e escrevendo muito, não desperdiço o meu precioso tempo com as frivolidades das ilusões materiais. Não sou santo, e já me desenganei com as ilusões materiais; mas eu tive o teor da minha arte ao meu favor; erguendo-me do caos absoluto onde me afundei – areia movediça que me sugou paulatinamente... Mas no momento derradeiro da minha existência complexa, fui salvo e resgatado pelo imortal Espiritismo: por isso não tenho nenhum receio em sintonizar o meu discurso literário e artístico com a ciência espírita. Estive em todas as religiões e em todas as seitas; mas só encontrei a mim mesmo na senda do Espiritismo...

Esta busca incessante das ilusões materiais é derivada de outra busca ilusória: a felicidade material... E esta felicidade material, não podia deixar de ser, é procurada na parte externa do Ser: o mundo material, pensa o Homem, tem tudo o que precisamos para alcançar uma felicidade permanente até os últimos dias – equivocado, não percebe que é justamente ao contrário: é dentro do seu âmago que o Homem poderá encontrar a tão almejada felicidade... É fazendo uma reforma interna, adquirindo os verdadeiros valores espirituais, que o Homem pode penetrar no mundo da felicidade, do amor e da paz celestial. E é justamente na prática da caridade, sendo solidário com os seus semelhantes e perdoando os seus inimigos, que o Homem atinge o auge supremo da sua felicidade material: felicidade parcial (é verdade) devido às atribulações da vida material; mas um projeto avançado para alcançar a felicidade espiritual – que é, indubitavelmente, eterna... É assim que funcionam as coisas; se queremos da vida apenas alguns momentos de gozos e de ilusões materiais; ficamos à mercê de uma fé cega, que nos faz acreditar em mentiras milenares: ao contrário, querendo uma vida permanente de recolhimento espiritual e de acumulações de virtudes caridosas, estaremos diante da fé científica – que não remove montanhas -; mas que aproxima literalmente o Homem do seu criador, e prepara o seu espírito para fazer a viagem de retorno ao verdadeiro mundo espiritual: retorno recepcionado com pompas e glórias por ter obtido sucesso nas provações terrenas... Os títulos e os troféus, que os homens adquirem na Terra, não têm nenhum significado especial a Deus: de que adiantam as honrarias materiais, com a inteligência e a moral enterradas no lodaçal dos pecados capitais? O Homem, quando se desfaz do seu corpo material, leva apenas o seu espírito: as ilusões materiais morrem com a matéria... E Deus avalia o seu espírito conforme o crescimento espiritual obtido na sua encarnação material: é para isto que o espírito encarna na matéria – para desenvolver o seu potencial intelectual e moral; as ilusões da matéria só sabem provocar indolências no ritmo do crescimento espiritual do Homem. A vida material é uma escola, aonde o espírito vem praticar o estudo executado no mundo espiritual: se for reprovado pelos desvios das ilusões materiais, tem que retornar ao planeta Terra e recomeçar tudo de novo até se desfazer das suas imperfeições terrenas: mundos materiais superiores estão te esperando ó espírito retardatário perdido nas tuas ilusões materiais...

Chico Xavier (o pai da caridade) já está pronto para encarnar em mundos superiores; ou quem sabe habitar os mundos especiais, com felicidade eterna, dos Espíritos Puros. Sendo um grande missionário da espiritualidade, não é de se duvidar de que seu espírito vivenciou a sua última encarnação nos mundos materiais... E não me consta que ele tenha acumulado títulos e troféus para conceber a felicidade eterna, tornando-se, por assim dizer, um ministro de Deus – na execução dos seus desígnios cosmológicos...








PROVAS, EXPIAÇÕES E MISSÕES


Apresentam-se as evidências numa realidade exaustivamente atribulada de sofrimentos e lamentações, e não se pode duvidar que o nosso planeta Terra seja de provas, expiações e missões. Constituído este pensamento, temos em conta a inferioridade reinante no nosso minúsculo globo terrestre, abarrotado de espíritos inferiores, de diversos níveis evolucionistas, que cumprem, ou não, dependendo da vontade e perseverança de cada um, provações cotidianas, expiações por endividamentos em vidas anteriores e missões religiosas políticas, filosóficas, científicas, sociológicas e artísticas em prol do progresso e da evolução da nossa humanidade terrena. Posso até dizer que estamos vivendo dentro de um purgatório, onde as almas humanas sofrem retaliações pelos seus erros pregressos e pelos erros da vida presente – em outras palavras mais vulgas: “aqui se faz; aqui se paga!” Indubitavelmente, estamos num mundo de transição material e espiritual, e as atribulações, que passam os espíritos inferiores - para se elevarem na escala espiritual das infinitas cosmologias de Deus...

As provas são as mais variadas possíveis e servem para amadurecer e fortalecer os espíritos em cativeiro da matéria – e devido ao sofrimento que provocam nos seres humanos, serve, também, para apressar a depuração do espírito... São almas, enquanto presas à matéria, imperfeitas, que vão sendo depuradas paulatinamente – de encarnação em encarnação até atingir o grau máximo: a perfeição de Espírito Puro. Como eu já disse acima, as provas são as mais variadas possíveis: trabalhar; constituir família; ser um bom pai ou uma boa mãe; ser um bom irmão; conviver com os problemas cotidianos; praticar a caridade; amar o próximo; destruir os pecados capitais; enfrentar as enfermidades com resignação; amar a Deus sobre todas as coisas; ser um bom trabalhador; ser um bom patrão; ser um bom homem público, ser um bom religioso, etc. Todas estas provações, e tantas outras, são obstáculos a serem vencidos pelos espíritos encarnados: os espíritos podem vencer as provas; ou sucumbir – se sucumbirem, nos seus objetivos, reencarna-se e começa tudo novamente: tantas vezes forem necessárias aos seus aprendizados intelectuais e morais em prol das suas evoluções espirituais. E quanto mais reclamar das atribulações cotidianas; mais aumentam os pesares das peregrinações...

As expiações são, também, as mais variadas possíveis, oscilando de intensidade de acordo com o endividamento perispiritual dos espíritos. Todos os crimes contra a nossa humanidade cometidos pelos homens, e todos os crimes cometidos a si mesmos, quando não são expiados em vida presente – nas ocasiões dos crimes -; são expiados na vida ulterior. Por exemplo, o suicídio é um crime que o homem comete a si mesmo – como poderá cumprir punição aqui na Terra, na atual vida extirpada? Somente através da reencarnação é que o espírito humano pode expiar pelos seus crimes: “aqui se faz; aqui se paga”. Eis porque da real necessidade de haver reencarnação: o espírito tem que expiar pelas faltas cometidas no seu passado terreno. Quando os crimes humanos são tantos, os espíritos encarnados começam a expiar imediatamente, terminando a expiação em novas encarnações ulteriores.

As expiações podem já nascer juntas com os indivíduos; bem como podem surgir no decorrer da vida. Exemplificando: cegos de nascença e cegos depois dos trinta anos de idade – são expiações de graduações diferentes. Quem nasce cego não conhece a luz e nunca verá a luz; os que ficam cegos, depois de muitos anos vendo a luz, têm mais dificuldade de conviver com a escuridão. O idiotismo, o cretinismo e a loucura são expiações de homens que fizeram um mau uso de suas faculdades intelectuais e morais... Os acidentes de carro, que transformam homens normais em tetraplégicos são expiações terríveis... Todas as expiações terrenas são resultantes dos mais variados crimes cometidos nas vidas anteriores e nas vidas atuais dos homens: e não há nenhum crime que não exija o arrependimento do espírito e a reparação devida, proporcional às retaliações sofridas pelos indivíduos. Deus é bom e justo: espírito algum escapa do poder onipotente da justiça divina! A nossa próxima encarnação será boa ou péssima, de acordo com o desenrolar dos nossos atos, pois temos o livre-arbítrio para trilharmos o caminho do Bem; ou do Mal. Todas as maldades acometidas pelos homens de pouca fé serão punidas severamente por Deus, que não costuma brincar em serviço: e Deus nunca descansa, e está sempre trabalhando na criação de novos mundos, e está sempre presente entre as suas criaturas, observando o percurso de todas as existências. Nada passa despercebida por Deus e, na sua hora, a sua justiça divina espalha o vigor das suas leis imutáveis...

As missões, por último, são realizadas por espíritos intelectual e moralmente mais evoluídos, no intuito de trabalhar em prol da evolução da humanidade; mas isto não quer dizer que tais espíritos não tenham que passar por grandes provações para alcançarem os seus objetivos espirituais. Muitos missionários terrenos também podem sucumbir em seus propósitos caritativos, tendo que retornar para obterem o sucesso desejado. Estes espíritos chamados de missionários encarnam nas diversas personalidades humanas: na música; na pintura; na poesia; na política; na filosofia; na ciência; na religião; etc. Não posso deixar de identificar alguns dos maiores missionários do nosso planeta Terra: Os grandes pensadores, sem precisar de citações, pois todos tiveram uma ingente relevância ao conhecimento intelectual da nossa humanidade; os grandes filósofos, citando o filósofo grego Sócrates – precursor das idéias espiritistas; Os grandes cientistas, sem precisar de citações, pois todos tiveram grande relevância ao desenvolvimento científico da nossa humanidade; etc. Não podendo deixar de citar quatro missionários mediúnicos: Moisés – o homem responsável em nos passar os 10 mandamentos de Deus; Jesus Cristo – o grande médium curador que disseminou a ciência do amor; Espiritismo – ciência e filosofia do mundo dos espíritos iluminando as sombras religiosas terrenas e, por último, Chico Xavier – o médium escrevente da sagrada caridade, pois o Espiritismo nos diz: “sem caridade não há salvação”. É evidente que em todas as épocas, tivemos muitos homens que cumpriram missões importantes para o vulgo, e, talvez, me faltassem às folhas de papéis para fazer tantas citações honrosas das nossas sumidades intelectuais e morais. Provavelmente, eu tenha me esquecido de citar nomes tão relevantes como Sigmund Freud (pai da psicanálise); mas não poderia ficar fazendo tantas citações dos grandes missionários da nossa humanidade – pois, com certeza, acabariam por avolumar este livro, que tem por objetivo primordial ser conciso: perdoem-me os não citados neste meu breve resumo das situações terrenas...






PRIMEIRA REVELAÇÃO


São três as revelações divinas, ao seu tempo: Moisés; Jesus Cristo e o Espiritismo. De momento, abordarei a primeira revelação do nosso Deus todo poderoso. E começo pensando na tristeza que era o materialismo cético das coisas, antes do advento do anunciador dos precisos dez mandamentos de Deus. Antes de Moisés, os mandamentos inescrupulosos e injustos, penso eu, deveriam vigorar nas nossas sociedades humanas: tivemos as nossas épocas de barbáries é bem verdade, sistematizando um período de trevas espirituais; onde a animalidade humana era mais preponderante do que a civilidade. Pois para por ordem na mansão da nossa humanidade, Deus invocou Moisés e descreveu os seus dez mandamentos.

Negar que esta manifestação divina tenha surtido efeito em nossa humanidade é incorrer no erro de uma ignorância sobre as metamorfoses humanísticas, que são derivadas desta aproximação de Deus em nossas cruéis dependências sociais. A história nos diz que os homens foram transformando-se, intelectual e moralmente, depois do advento do decálogo divino. E este processo de aperfeiçoamento da espécie humana ocorre, na maioria dos casos, por um grande temor dos possíveis castigos de Deus; se por ventura, os seus dez mandamentos não fossem cumpridos. Mas é justamente este temor, nas épocas antigas, que vem ajudar os homens por se melhorarem. Não havia outra maneira, naqueles momentos de barbárie, a não ser despertar bruscamente as pessoas ao mundo de Deus... E, com efeito, Deus sabe o que faz; e à hora certa de fazer...

Os dez mandamentos de Deus perpetuaram-se; muito embora, a maioria das pessoas não saiba (de memória) citar os dez mandamentos em seguimento da ordem numérica: para ser bem sincero, eu próprio estou meio esquecido – e por tê-los esquecido, devo me comprometer com o não cumprimento de algum. Mas sempre fui obediente ao meu Deus, e tomava grande cuidado em não descumprir nenhum dos seus dez mandamentos. Posso não lembrar-me de todos; mas intuitivamente, sei que respeito cada um... É como o Hino Nacional: sozinho, não sei cantá-lo; em conjunto me vem à letra naturalmente... Mas sempre é bom, de vez em quando, estudar os dez mandamentos de Deus; para não ficarmos como um barco à deriva nos grandes oceanos da vida material – que é por si só muito perigosa...

É justamente pelos nossos esquecimentos dos seus mandamentos e suas leis imutáveis, que Deus tem enviado os seus profetas e os seus Messias (Jesus Cristo e Espiritismo), para justamente avivar o pensamento humano dos seus esquecimentos momentâneos – que acabam por estacionar o processo de humanização das civilizações... O Homem sempre precisa, de tempos em tempos, reaproximar-se de Deus, e é através das revelações divinas das profecias que esta aproximação divina acontece...