sexta-feira, 23 de julho de 2010

O DEUS QUE CONHEÇO

Rubem Alves escreveu o livro “O Deus Que Conheço”. Muito embora seja um escritor famoso e um teólogo com divergências teológicas, criticando a própria Igreja Católica; não posso deixar de expressar a minha decepção ao ler o seu livro: o Deus que Rubem Alves conhece é um tanto irreal e inimaginável, e chego mesmo a pensar que Rubem Alves seja um ateu – foram as suas idéias abordadas neste livro que me fizeram pensar nesta possibilidade: ele é explícito quando diz que não acredita em Deus... Não conheço outras obras de Rubem Alves; talvez não o tenha compreendido com mais precisão... Mas a sua maneira de falar de Deus é de um teólogo decepcionado com a teologia... E quem se decepciona com os estudos de Deus, torna-se ateu... Talvez Rubem Alves tenha desacreditado em Deus, porque buscam na teologia as suas inquietações divinas... Com todo o meu respeito ó grande intelectual, venho por intermédio deste texto, que finaliza este meu modesto trabalho literário, ensinar-lhe os estudos espiritistas do Deus que eu conheço...

Segundo o Espiritismo, das causas primárias (capítulo I). DE DEUS: 1. Deus e o infinito. – 2. Provas da existência de Deus. – 3. Atributos da Divindade. – 4. Panteísmo.



DEUS E O INFINITO



1. Que é Deus? “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.

2. Que se deve entender por infinito? “o que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.”

3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito? “Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”

Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma, é definir uma coisa que não está conhecida por outra que não o está mais do que a primeira.



PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS



4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? “Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do Homem, e a vossa razão responderá.”

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.

5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus? “A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma conseqüência do princípio – não há efeito sem causa.”

6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas? “Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”

Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão-somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas.

7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? “Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.”

Atribuir a formação das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são (também elas) um efeito que há de ter uma causa.

8. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?

“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.”

A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.

9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências? “Tendes um provérbio que diz: pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte, Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade.

Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem.



ATRIBUTOS DA DIVINDADE



10. Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? “Não; falta-lhe para isso o sentido.”

11. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade? “Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”

A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribuem; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz idéia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme a sã razão.

12. Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos formar idéia de algumas de suas perfeições? “De algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria. Entrevê-as pelo pensamento.”

13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, onipresente, onisciente, soberanamente justo e bom, tem-se idéia completa de seus atributos? “Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar livre de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.”

Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.

É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.

É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.

É único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.

É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvessem feito seria obra de outro Deus.

É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.

Obs. Eu acresci (aos atributos de Deus) a sua onipresença e a sua onisciência, que não foram citadas pelos estudos kardecistas.

É onipresente. Sendo infinito, Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo, e nada escapa da sua providência e da sua justiça.

É onisciente. Sendo a inteligência suprema e infinita de todas as coisas, Deus tem ciência do proceder de todas as inteligências espirituais e humanas; e nada escapa do seu senso supremo no que tange às coisas que existem (materiais e espirituais).



PANTEÍSMO



14. Deus é um ser distinto, ou será (como opinam alguns) a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas? Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa. Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.

15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta? “Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.”

16. Pretende (quem professa esta doutrina) achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio? “A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.”

Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequenos. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos o que ele não pode deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a imaginou.

A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.

E então grande intelectual da nossa pós-modernidade, doutor Rubem Alves, depois deste ensino científico sobre a natureza e a existência de Deus; ainda continuará respondendo aos teus leitores que desacredita em Deus? Se a teologia te fez um descrente é porque ela própria é descrente da realidade da Divindade: o Deus da teologia é um Deus falso, fantasioso, imaginado pelo Homem; o Deus do Espiritismo é o Deus verdadeiro, comprovado, com toda a cientificidade possível à nossa inteligência humana, pelos Espíritos Superiores. Sim, foram os Espíritos Superiores que explicaram a realidade da existência de Deus e alguns dos atributos divinos compreensíveis ao nosso entendimento e ao nosso discernimento humano. Não aceitar estas implicações da Divindade é querer permanecer na obscuridade da suprema ignorância da espiritualidade.

Rubem Alves, este é o Deus que conheço; e não tenho nenhuma dúvida da sua existência, da sua imaterialidade e da sua imutabilidade. E todos os estudiosos do imortal Espiritismo têm esta mesma consciência cósmica da impenetrável Divindade do Criador... Como um irmão caridoso eu o convido, ilustre psicanalista, a penetrar mansamente na senda do Espiritismo. Por hora é o que eu posso fazer para amenizar a tua dificuldade de acreditar na existência de Deus... Somos todos irmãos, e estamos aqui neste mundo material para evoluir os nossos espíritos: é o que eu tenho feito, através do meu ingente sofrimento...

Encerro esta pequena obra, ciente da minha missão cumprida: se por ventura morresse após a publicação da mesma, morreria muito feliz – pois sei da minha profunda entrega espiritual à humanidade no realizar deste laborioso trabalho literário... Espero que esta obra, com fundamentos espiritistas, possa ser difundida por todos os cantos da nossa humanidade, pois, quando escrevia esta obra, tinha em mente distribuir as bênçãos que tenho recebido dos céus, de um Deus bom e justo, como bem sei que devo proceder com os meus semelhantes: compartilhar as minhas experiências e as minhas certezas divinas adquiridas, através do meu ingente sofrimento, e através dos conhecimentos adquiridos com o estudo certíssimo do Espiritismo...











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