quarta-feira, 21 de julho de 2010

A PRAIA DE COPACABANA


Quatro quilômetros de areia férvida e muito fofa, onde um sonhador fantasístico como eu fartava-se de banhar-se nos mares não pouco agitados de Copacabana... E um corpo dourado, de uma sereia negra, estava lá nas areias mui incandescentes, sob um sol ardente, esperando pelo meu corpo atlético e branco, como as paredes do apartamento quarto e sala – o mesmo que me aguardava para eu viver um grande amor; ainda que com sofrimentos... Uma longa conversa nas areias da praia de Copacabana principiou a um amor indelével, ainda que tenham durado muito pouco as peripécias das duas personagens comovidas...

A praia de Copacabana, cartão de visitas da zona sul carioca, na minha época, estava sempre cheia de turistas de todas as partes do planeta, onde as figuras mais excêntricas e exóticas desfilavam com os seus apetrechos praianos... Eu, antes de conhecer a minha deusa carioca, desfilava sempre do mesmíssimo jeito de solteiro desimpedido: uma sunga ajustada ao corpo atlético, uma chave pendurada no pescoço e, quando tinha algum dinheiro, enfiava-o dentro da sunga que era pra vagabundo nenhum me afanar... Ficava sempre a observar as ondas, com surfistas malabaristas, enquanto as lindas donzelas cariocas, seminuas, transitavam sobre o meu corpo já avermelhado, ou melhor, querendo dourar...

Todas as alvas manhãs ensolaradas, como as pinturas belíssimas de Vincent Van Gogh, eram sorvidas por longas caminhadas, onde eu me cruzava com as celebridades globais – e assim, eu me sentia um pouco importante... Depois, eu ia me exercitar nos aparelhos de ginástica da praia de Copacabana, onde alguns artistas globais tentavam me aplicar cantadas obscenas: estão todos mortos de AIDS, e eu continuo remando contra a maré, ciente de que a minha arte pellisoliana é mais relevante do que todos os sonhos fantasísticos, que a Rede Globo pode proporcionar... Recusei as cantadas homossexuais dos artistas globais; mas recebi de Deus um amor incomensurável da carioca mais linda da praia de Copacabana – onde por quase uma década, estive inebriado e entrelaçado numa lagoa azul... E nossos dias, apesar das artimanhas desnecessárias, eram idolatrias dançantes de uma afinidade surpreendente...

As noites estreladas da praia de Copacabana eram como as pérolas preciosas das ostras dos mares, servindo de um profundo cenário amoroso, onde eu e a minha doce amada carioca trocávamos juras de amor – as palavras não eram articuladas; mas os olhares penetrantes diziam muito mais que quaisquer palavras destituídas de sentido... E foi sempre tentando em tentar ser feliz, que os nossos alvos sonhos arremessaram-se ao naufrágio das tristezas escarpadas; compondo uma ingente sinfonia indelével do desamor: ó como choram os anjinhos das nuvens celestiais! E o mar da praia de Copacabana amanheceu de uma ressaca, numa indisposição desluzente abatumada, como se estivesse sendo cúmplice do desbotamento de um grande amor carioca; começado justamente no posto cinco das areias férvidas da praia de Copacabana e vivenciado na Rua Sá Ferreira...



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